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Publicado em 02/08/2025, às 09h00 Foto: Reprodução/Freepik Fernanda Montanha
Se você já viu memes ou percebeu os cães mais agitados nas ruas, provavelmente já ouviu falar do mês do cachorro louco. O termo, que vem da sabedoria popular, ganhou força nas redes sociais nos últimos anos e costuma aparecer em agosto acompanhado de piadas e vídeos de cachorros descontrolados.
Segundo Paulo Eduardo Brandão, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, a expressão está ligada ao comportamento reprodutivo dos animais. “As cadelas entram no cio em massa no período mais frio do ano, o que aumenta a competição entre os machos e deixa os cães mais agitados e briguentos”, explica o especialista ao Superinteressante.
Ou seja, a “loucura” de agosto tem mais a ver com paixão do que com doenças. A associação popular com a raiva canina é um mito, embora mordidas em brigas entre cães infectados possam, em tese, transmitir o vírus. Não há evidências científicas de aumento de casos da doença em agosto.
A raiva é uma doença 100% letal e transmitida pela saliva de animais infectados, seja por cães, gatos ou mamíferos silvestres como morcegos. Entre os sintomas, estão mudanças de comportamento, agressividade, convulsões e paralisia.
Segundo Paulo, cerca de 55 mil pessoas morrem por raiva todos os anos no mundo. No Brasil, campanhas de vacinação praticamente eliminaram a forma urbana da doença, mas a cobertura vacinal ainda preocupa. Para evitar a circulação do vírus, o Ministério da Saúde recomenda 80% de vacinação, mas os dados de 2021 mostram que apenas 60,4% dos cães e gatos foram imunizados.
Vacinar é a forma mais eficaz de proteção. A vacina para humanos expostos a mordidas também existe e salva vidas, desde que aplicada imediatamente após o contato com o animal doente.
Mesmo que o mês do cachorro louco seja mais folclore do que risco real, a prevenção continua sendo essencial. Em 2022, por exemplo, o número de casos de raiva em gatos (nove) foi maior que em cães (sete), reforçando que a doença não afeta apenas cachorros.
Em agosto, vale a lembrança: garantir a vacinação dos pets permite que eles vivam o “mês do amor canino” com segurança, deixando a loucura de lado e aproveitando apenas a diversão.