Publicações sobre Coca-Cola e metanol chamam atenção na web; entenda

Nos últimos dias, vídeos e publicações espalhados nas redes sociais afirmam que metanol teria sido encontrado em lotes de Coca-Cola. A informação, no entanto, é completamente falsa.

A checagem foi feita a partir de mensagens enviadas por leitores ao canal oficial do Fato ou Fake no WhatsApp. Os conteúdos enganosos têm circulado em diferentes plataformas, alcançando milhares de pessoas e gerando preocupação desnecessária.

O material enganoso simula reportagens reais, utiliza trechos adulterados e até vozes geradas por inteligência artificial para dar credibilidade ao boato.

Conteúdo manipulado e uso de IA

Um dos vídeos mais compartilhados surgiu no TikTok e já ultrapassou 38 mil compartilhamentos. Ele exibe uma falsa reportagem do g1 com o título “Metanol é detectado em lotes da Coca-Cola”, algo que nunca foi publicado.

Outro exemplo é um vídeo no formato “reels” no Facebook, que também circula pelo WhatsApp. Nessa versão, um áudio criado por IA imita a voz da jornalista Renata Vasconcellos, apresentadora do Jornal Nacional, para transmitir informações inventadas.

No áudio, é dito que garrafas do refrigerante estariam contaminadas com metanol, substância que pode causar cegueira, falência de órgãos e até morte. O conteúdo cita números e locais de supostos casos, mas tudo foi fabricado.

Casos reais envolvem bebidas alcoólicas adulteradas

A desinformação surgiu em meio a um cenário real: casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas. Segundo o Ministério da Saúde, foram registrados 17 casos no Brasil, sendo 15 em São Paulo. Há também duas mortes confirmadas e outras em investigação em diferentes estados.

O metanol é usado industrialmente e, quando ingerido, se transforma em compostos altamente tóxicos que afetam órgãos vitais. Pode provocar cegueira, danos neurológicos e até levar à morte.

Empresa e autoridades desmentem boatos

A Coca-Cola reforçou em nota que não há qualquer relação entre seus produtos e os casos mencionados. A empresa explicou que o metanol não é utilizado nem produzido em nenhum processo de fabricação de bebidas não alcoólicas.

A Anvisa também afirmou que não recebeu nenhuma denúncia relacionada à contaminação de refrigerantes por metanol, reforçando que não há investigações nesse sentido.

O g1 esclareceu que a “reportagem” usada no vídeo é uma montagem fraudulenta. A análise com a ferramenta Hiya Deepfake Voice Detector atribuiu nota 1 ao áudio, indicando altíssima probabilidade de adulteração digital.

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