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Na obra original, a Criatura de Frankenstein é retratada como uma figura violenta e vingativa, que tira a vida de pessoas próximas ao cientista em resposta à rejeição e ao isolamento que sofre. Essa versão literária reflete o desespero e a fúria de um ser abandonado por seu criador.
Já na nova adaptação cinematográfica, Guillermo del Toro faz mudanças profundas na estrutura da história, alterando relações e eventos para construir uma narrativa mais emocional e simbólica.
A maior transformação, porém, está na própria figura da Criatura: ela assume o protagonismo na segunda metade do filme e é apresentada de forma mais sensível e empática, revelando sua dor e humanidade.
Assim, Del Toro substitui a visão tradicional de monstro por uma leitura mais comovente, que convida o público a repensar quem, de fato, é o verdadeiro vilão da história.
Guillermo del Toro adiciona à trama o personagem Heinrich Harlander, vivido por Christoph Waltz, um rico fabricante de armas e tio de Elizabeth que auxilia Victor na criação da Criatura. Doente e obcecado por vencer a morte, ele acaba morto em uma briga com o cientista, que culpa o monstro pelo crime.
Diferente da obra original, o novo filme não traz Justine, personagem secundária, mas fundamental para a tragédia de Victor Frankenstein. No livro, ela é injustamente acusada pelo assassinato do irmão do cientista, um crime cometido pela própria Criatura, e acaba condenada à morte.
No longa de Del Toro, no entanto, a história passa a dar mais destaque ao menino William, e a personagem Justine é completamente retirada da adaptação.
Na versão de Del Toro, o desfecho ganha um tom mais emocional: após reconhecer o sofrimento que causou, Victor pede perdão à Criatura, que o perdoa com surpreendente humanidade.
Nos momentos finais, o cientista o chama de “filho”, encerrando a história em um gesto de reconciliação e compaixão.
Classificação Indicativa: Livre