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A jornalista Caity Weaver publicou em 2018 uma reportagem intitulada “What is Glitter?” (“O que é glitter?”), no renomado jornal estadunidense The New York Times.
O texto relata uma investigação da autora sobre as maiores empresas produtoras de glitter nos EUA, mas a internet começou a levantar hipóteses conspiracionistas devido às respostas evasivas que ela recebeu de entrevistados, em especial a negativa quando perguntou qual seria o maior comprador de glitter do país.
Em outubro de 2024, a revista Capricho publicou uma matéria sobre as teorias da conspiração que se criaram desde então, já que de tempos em tempos o tema volta a surgir na internet.
Segundo a matéria da revista brasileira, os palpites sobre o destino final do glitter variam entre o absurdo e o possível: de tintas navais e pastas de dente até, supostamente, o uso em armas e bombas atômicas.
A origem dessa especulação está no fato de Henry Ruschmann, criador do glitter moderno, ter trabalhado no Projeto Manhattan, o mesmo que desenvolveu a primeira bomba nuclear sob o comando de Robert Oppenheimer.
Embora a participação de Ruschmann se limitasse a cortes de precisão de materiais, a coincidência histórica alimentou a crença de que empresas no setor armamentista usam enormes quantidades de glitter para a produção de explosivos e de armas de destruição em massa.
Em entrevista ao jornal O Globo, também em 2024, a pesquisadora Bárbara Rani Borges, do Instituto de Química da USP destacou que o glitter é, na prática, composto por camadas de plástico e alumínio, que são microplásticos altamente poluentes.
Ela explica que as partículas, com tamanho entre 50 e 800 micrômetros, acabam nos oceanos e podem ser ingeridas por animais marinhos, retornando à cadeia alimentar humana.
Estudos recentes citados na matéria também apontam a presença de microplásticos no corpo humano, afetando todo o organismo.
No sistema circulatório, por exemplo, as chances de uma pessoa com micro e nanoplásticos no corpo ter um acidente vascular cerebral (AVC) aumentam em quase cinco vezes.
Ainda que teorias sobre “segredos militares” e “projetos nucleares” persistam nas redes, especialistas reforçam que a verdadeira preocupação está nos impactos ambientais e de saúde.
A professora Ana Maria Percebom, da PUC-Rio, na mesma matéria d'O Globo, alerta que até as versões “biodegradáveis” do glitter podem causar danos semelhantes aos do produto tradicional.
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