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Caso Hannah Caldas: mulheres trans têm vantagens em esportes?

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Hannah Caldas, atleta transgênero portuguesa de 47 anos, não poderá participar das competições até 2030 por se recusar a realizar exame cromossômico  |   BNews SP - Divulgação Reprodução X
Bianca Rossi

por Bianca Rossi

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Publicado em 23/10/2025, às 14h29



A Federação Internacional de Natação (World Aquatics) anunciou a suspensão de cinco anos da nadadora portuguesa Hannah Caldas, proibindo sua participação em todas as provas femininas.

A decisão foi tomada após a atleta se recusar a realizar o teste de verificação de sexo, exigido para competir no Masters World Championship 2024, gerando ampla repercussão internacional.

Contexto do exame solicitado

Segundo a Federação de Natação de Nova Iorque, o teste visava assegurar que Caldas estivesse em conformidade com as políticas de gênero da entidade.

A atleta, residente na Califórnia, alegou que o exame não é exigido pelas regras esportivas dos EUA e que seu plano de saúde não cobre o procedimento, que tem custos elevados. Ela declarou:

Compreendo e aceito as consequências. Mas uma suspensão de cinco anos é o preço que tenho de pagar para proteger as minhas informações médicas mais íntimas. Fico feliz por pagar esse preço. Hannah Caldas

Diferenças físicas e impacto da terapia hormonal

O caso de Hannah Caldas retomou o debate sobre a presença de pessoas trans em competições esportivas, mesmo sem a confirmação da atleta sobre o seu sexo de nascimento. 

Homens e mulheres são avaliados separadamente na maioria dos esportes devido a diferenças fisiológicas marcantes, especialmente a partir da puberdade, quando a testosterona aumenta nos meninos, informa matéria do g1.

Estudos recentes indicam que mulheres trans, designadas do sexo masculino ao nascer, mantêm algumas vantagens mesmo após terapia hormonal, como maior massa magra e força relativa, embora possam apresentar desvantagens em velocidade e resistência.

A fisiologia das atletas trans é complexa e ainda não há consenso científico sobre a melhor forma de equilibrar competição e inclusão.

Debate científico e regulamentação

Pesquisas mostram que a terapia hormonal reduz, mas não elimina totalmente as vantagens físicas masculinas.

Alguns especialistas defendem que a inclusão deve ser equilibrada com a equidade competitiva, reconhecendo que todos os esportes apresentam diferenças naturais de habilidade.

A Associação Mundial de Atletismo, por exemplo, exige que atletas trans não tenham passado pela puberdade masculina para competir em categorias femininas. Paralelamente, o Comitê Olímpico Internacional enfatiza que é essencial garantir a participação sem discriminação, protegendo saúde, segurança e dignidade dos atletas.

Complexidade do tema e inclusão

O debate sobre mulheres trans no esporte mostra que a questão vai além da fisiologia e envolve preconceito, acesso a tratamentos médicos, regulamentos internacionais e princípios de inclusão.

Especialistas concordam que é necessário mais estudo sobre o desempenho atlético de pessoas trans em esportes de elite, ao mesmo tempo em que reconhecem que a busca por justiça absoluta no esporte é impossível.

O desafio é criar categorias de competição que respeitem diferenças biológicas sem excluir atletas trans, equilibrando equidade e inclusão.

Classificação Indicativa: Livre

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