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A Netflix está de olho na aquisição da Warner Bros Discovery por US$ 72 bilhões, em um acordo que engloba os estúdios de cinema e TV e também a operação de streaming da companhia. A oferta, majoritariamente em dinheiro, havia sido reforçada durante esta semana em meio a uma rodada final de disputas.
Pelos termos anunciados, os acionistas da Warner Bros receberão US$ 27,75 por ação, divididos entre dinheiro e papéis da Netflix. O valor das empresas combinadas chega a US$ 82,7 bilhões.
Para garantir a transação, a Netflix possivelmente aceitou pagar uma taxa de rescisão de US$ 5 bilhões caso órgãos reguladores impeçam a operação, um sinal da dimensão e do risco envolvidos. A expectativa é que o anúncio final seja feito nos próximos dias, desde que não haja recuos na negociação, segundo O Globo.
Esse movimento coloca a Netflix à frente dos demais interessados, como Paramount Skydance e Comcast, que também fizeram propostas.
Antes de concluir a transação, a Warner Bros finalizará a separação de seus canais de TV a cabo, como CNN, TBS e TNT, que não farão parte da venda. Avaliada em mais de US$ 60 bilhões, a companhia viu suas ações subirem 3,7% no pré-mercado desta sexta-feira, enquanto a Netflix teve leve queda de 0,6%.
Se confirmada, a fusão provocará uma mudança profunda na indústria. A Netflix, que se tornou a líder mundial do streaming sem possuir um grande estúdio próprio, passará a controlar marcas como HBO, além de um extenso catálogo que inclui títulos como Harry Potter, Friends, “Os Sopranos” e “The White Lotus”.
A aquisição também representa uma guinada estratégica: é a primeira vez que a Netflix realiza uma compra dessa escala, após anos estruturando seu crescimento com licenciamento e produções originais.
A corrida pelo controle da Warner Bros foi marcada por tensão. A Paramount acusou o processo de venda de favorecer a Netflix, classificando-o como “viciado” em carta enviada no início de dezembro. A empresa defende que sua oferta teria maior probabilidade de aprovação regulatória.
A guerra por relevância ocorre em meio à crise do setor de TV a cabo: no último trimestre, as redes da Warner Bros registraram queda de 23% nas receitas, com assinantes e anunciantes migrando para plataformas digitais.
Apesar do entusiasmo do mercado, o acordo deve enfrentar forte escrutínio nos EUA e na Europa. Parlamentares republicanos, como Darrell Issa e Mike Lee, já manifestaram preocupação com eventual concentração de mercado. A Netflix alega que também compete com gigantes como o YouTube, o que ampliaria a justificativa para a fusão.
A Netflix encerrou 2024 com US$ 39 bilhões em receitas e valor de mercado de cerca de US$ 437 bilhões. A Warner Bros, fundada há quase cem anos, registrou faturamento semelhante. Somadas, as empresas alcançariam um poder de catálogo raramente visto na história da indústria audiovisual.
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