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Perfil expõe denúncias de franqueados contra Cacau Show: 'parece uma seita'

Franqueados relatam que são perseguidos caso questionem cobranças ou mudanças no valor dos produtos. - Reprodução Shopping Anália Franco
Chamado de "Doce Amargura", o perfil relata que há punições para quem questiona as normas e práticas da empresa.  |   BNews SP - Divulgação Franqueados relatam que são perseguidos caso questionem cobranças ou mudanças no valor dos produtos. - Reprodução Shopping Anália Franco
Camila Lutfi

por Camila Lutfi

Publicado em 29/05/2025, às 19h30



Por meio de um perfil nas redes sociais, franqueados da Cacau Show comparam a experiência de trabalhar para a marca de doces com uma "seita". Chamado de "Doce Amargura", o perfil relata que há punições para quem questiona as normas e práticas da empresa.

Diferente da realidade apresentada por Alexandre Tadeu da Costa, ou Alê Costa, fundador e CEO da Cacau Show, nas redes sociais e entrevistas, franqueados relatam que são perseguidos caso questionem, por exemplo, cobranças ou mudanças no valor dos produtos.

Quando reclamam, as franquias passam receber chocolates com a validade perto de expirar e produtos com pouca saída, o que dificulta as vendas e podem forçar os microempreendedores a fecharem as portas. Atualmente, o Brasil possui mais de 4 mil lojas da Cacau Show espalhadas pelo território.

Na Justiça, a empresa de chocolates acumula processos por cobranças indevidas e por não fornecer produtos de forma adequada para lojas franqueadas. Para o juiz Julio Roberto dos Reis, que acompanha o processo que tramita na 25ª Vara Cível de Brasília contra a Cacau Show, punições como a retirada de crédito de franqueados é inconstitucional.

“É inequívoco que a política interna da demandada [Cacau Show] afronta o princípio constitucional da liberdade profissional, porquanto, a restrição de crédito para fornecimento exclusivo de produtos, instrumento essencial da atividade econômica, sob a alegação de existência de litígios judiciais entre franqueado e franqueadora, não está amparada em motivo idôneo e constitui mero revanchismo, uso arbitrário das próprias razões por via transversa, cuja finalidade não é outra senão inibir o legítimo direito constitucional de ação dos demandantes [franqueados], o que também viola o princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição”, apontou o juiz.

Ainda, a responsável pelo perfil “Doce Amargura”, que utiliza um pseudônimo para não sofrer retaliações, relatou que recebeu uma visita ameaçadora do vice-presidente da Cacau Show, Túlio Freitas. Segundo ela, Freitas perguntou “o que era preciso” para que ela parasse com as publicações. A loja dela fica a mais de 600 km da sede da empresa, no interior de São Paulo.

A Cacau Show afirmou, por meio de nota, que não reconhece as alegações apresentadas pelo perfil Doce Amargura em redes sociais. Confira a nota na íntegra:

“A Cacau Show vem a público esclarecer que não reconhece as alegações apresentadas pelo perfil "Doce Amargura" em redes sociais. Somos uma marca construída com base na confiança mútua, no respeito e na conexão genuína com nossos franqueados.

Cada experiência é única e pessoal. Prezamos por relações próximas, transparentes e sempre pautadas pelo diálogo — pilares que sustentam nosso crescimento conjunto e tornam possível a construção de uma jornada empreendedora repleta de conquistas e momentos especiais.

Não compactuamos com qualquer conduta que contrarie esses valores. Seguimos firmes em nosso propósito: vivemos para, juntos, tocar a vida das pessoas, compartilhando momentos especiais.

Reiteramos que estamos, como sempre, à disposição para esclarecer qualquer ponto, com responsabilidade, integridade e respeito.”

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