Polícia
por Marcela Guimarães
Publicado em 11/07/2025, às 10h56
Quinze anos depois de um dos crimes mais chocantes do Brasil, Sonia Fátima Moura, de 59 anos, mãe de Eliza Samudio, ainda lida com as consequências de ter perdido a filha.
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010, aos 25 anos, e nunca mais foi vista. De acordo com as investigações, a vítima foi assassinada com envolvimento direto do ex-goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes, que mais tarde confessou o crime. Na época, os dois tinham um relacionamento sério.
Em entrevista ao portal iG, Sonia revelou que finalmente conseguiu autorização judicial para recuperar alguns dos itens da filha que estavam retidos. Entre eles, estão fraldas descartáveis de Bruninho, neto de Sonia, além de óculos e sandálias de Eliza.
O goleiro foi preso no dia 9 de julho de 2010, ao se entregar à polícia no Rio de Janeiro, 29 dias após o desaparecimento da jovem. Na sequência, ele foi transferido para uma unidade prisional em Minas Gerais.
Hoje morando no Rio de Janeiro, Sonia carrega uma dor que o tempo não conseguiu apagar. “Estou navegando por águas mais tranquilas, mas a dor existe. O tempo faz você conseguir ir sobrevivendo. Aprende a conviver com a dor”, desabafou ela.
Eliza deixou um filho, Bruninho Samudio, fruto de seu relacionamento com Bruno. Hoje atuando pelo Botafogo, o garoto foi criado pela avó e encontrou no futebol uma forma de expressão.
Enquanto cuida do neto, Sonia também faz parte de causas sociais, indo em encontros e debates sobre os diversos tipos de violência enfrentados por mulheres: física, psicológica e patrimonial. Recentemente, participou da produção de um livro que reúne histórias parecidas com a da filha.
“Tem dias que acontecem alguns gatilhos e a gente acaba ficando mal, principalmente quando a gente vê, mesmo procurando não ver, mulher e crianças sendo mortas”, contou Sonia.
Segundo a avó, Bruninho nunca despertou desejo de conhecer o pai, mas ela acredita que esse momento pode chegar. “São páginas e histórias que você não virou. Eu falo para ele: ‘Em determinado momento, o destino vai fazer vocês se cruzarem’”.
Desde setembro de 2022, Bruno não cumpre com o pagamento da pensão alimentícia do filho, que gira em torno de dois salários mínimos mensais, segundo Sonia.
“Ele fala que errou e pagou. Mas isso não é erro, porque ele tirou a vida de uma pessoa. Um assassinato você não corrige”, disse Sonia. Atualmente, o autor do crime ainda atua como goleiro em clubes regionais.
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