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Professora de 73 anos com patrimônio bilionário chama atenção do MP — Caso Ultrafarma

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Ministério Público investiga auditor fiscal e sua mãe por movimentações financeiras suspeitas e propinas milionárias.  |   BNews SP - Divulgação Foto: Reprodução/Redes Sociais
Fernanda Montanha

por Fernanda Montanha

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Publicado em 15/08/2025, às 07h46



O Ministério Público de São Paulo revelou um suposto esquema de corrupção que teria movimentado mais de R$ 1 bilhão em propinas para acelerar restituições milionárias de ICMS-ST. No centro das investigações está o auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, apontado como o líder da operação.

Ele foi preso em sua residência, em Ribeirão Pires, no ABC paulista. Durante as buscas, foram apreendidos R$ 1,8 milhão em espécie e pedras preciosas. Documentos encontrados ainda estão sob análise para determinar o real alcance das fraudes e identificar possíveis novos envolvidos.

Como o esquema funcionava

A investigação começou após a quebra de sigilos bancário e fiscal da Smart Tax, empresa registrada em nome da mãe do auditor, Kimio Mizukami da Silva, professora aposentada de 73 anos. Embora declarasse R$ 411 mil em 2021, seu patrimônio saltou para R$ 46 milhões em 2022 e chegou a R$ 2 bilhões em 2024, resultado exclusivo das atividades da consultoria.

A Smart Tax não possui funcionários, funciona no endereço de Artur e tem apenas uma cliente: a varejista Fast Shop. Para os promotores, trata-se de uma empresa de fachada usada para camuflar o repasse das propinas.

E-mails obtidos pela Justiça mostram Artur negociando diretamente com grandes empresas, como o Grupo Nós. Todos os trâmites eram feitos usando a Smart Tax, que, segundo investigadores, existe apenas no papel.

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Outros suspeitos

O auditor aposentado Alberto Toshio Murakami também é investigado por seguir atuando, mesmo após deixar o cargo, usando certificados digitais para protocolar pedidos.

As contadoras Fátima Regina Rizzardi e Maria Hermínia de Jesus Santa Clara são apontadas como auxiliares do esquema, elaborando pedidos complexos de ressarcimento. Em uma mensagem, Maria Hermínia chega a enviar arquivos da Kalunga para revisão, relatando dificuldades para identificar erros apontados pela Sefaz.

Apreensões milionárias

Na casa do empresário Celso Éder Gonzaga de Araújo, suspeito de lavar dinheiro do grupo, a polícia encontrou R$ 1,2 milhão, US$ 10,7 mil, € 1.590, cerca de R$ 200 mil em criptomoedas, relógios de luxo e esmeraldas.

Com o auditor Marcelo de Almeida Gouveia, foram localizados R$ 330 mil, US$ 10 mil, € 600 e R$ 2 milhões em moedas digitais. Já com Maria Hermínia, houve a apreensão de R$ 73 mil, US$ 13 mil e uma máquina de contar dinheiro.

"Nosso objetivo agora é verificar se há outros auditores e empresas envolvidos", afirmou o promotor de Justiça Roberto Bodini. O MP pretende se reunir com a Secretaria da Fazenda para discutir mudanças nos procedimentos internos e evitar novos casos semelhantes, segundo o InfoMoney.

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