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Água de esgoto será utilizada na Grande SP? Sabesp explica plano polêmico

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A proposta busca garantir segurança hídrica em meio à crise de água que afeta a região metropolitana.  |   BNews SP - Divulgação Foto: Reprodução/Redes Sociais
Fernanda Montanha

por Fernanda Montanha

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Publicado em 07/10/2025, às 06h30



A Sabesp está analisando a possibilidade de reutilizar a água tratada nas estações de esgoto para aumentar o volume dos reservatórios que abastecem a região metropolitana de São Paulo. Os estudos técnicos devem ser concluídos até março de 2026, e a previsão é que as obras necessárias sejam finalizadas até dezembro do mesmo ano.

A iniciativa busca ampliar a segurança hídrica em um momento em que o estado enfrenta limitações severas na disponibilidade de água, segundo a Gazeta de SP.

Segundo a companhia, a proposta não apresenta riscos para os consumidores. A prática, conhecida como “recarga de manancial”, já é aplicada com sucesso em outros países e tem como objetivo reaproveitar água tratada, devolvendo-a aos corpos hídricos que servem de fonte para o abastecimento público.

Região metropolitana tem nível crítico de água

De acordo com dados da Sabesp, a Grande São Paulo conta com apenas 10% da disponibilidade de água recomendada pela ONU por habitante. Esse índice é inferior ao registrado no semiárido nordestino, o que evidencia a gravidade da situação.

A expectativa é de que o novo sistema possa acrescentar até 2.800 litros de água por segundo aos reservatórios, ajudando a compensar o déficit atual e reduzir a pressão sobre os sistemas tradicionais.

Foto: Reprodução/Freepik
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Como funcionará a “recarga de manancial”

A estratégia envolve duas estações principais: Suzano e Barueri. Atualmente, a água tratada nelas é liberada nos rios Tietê e Cotia. Com a mudança, parte desse volume será redirecionada para reforçar mananciais utilizados no abastecimento.

O diretor de engenharia e inovação da Sabesp, Roberval Tavares, destacou que a água devolvida terá qualidade equivalente à água bruta, que posteriormente será captada, tratada novamente e distribuída à população.

No caso de Suzano, o fluxo passaria a ir para o rio Taiaçupeba, contribuindo com cerca de 800 litros por segundo. Já em Barueri, seriam adicionados aproximadamente 2.000 litros por segundo ao rio Cotia. Juntos, esses volumes equivalem a cerca de 4% dos 70 mil litros consumidos por segundo na capital e na região metropolitana.

Prática já adotada em outros países

Atualmente, o Sistema Integrado Metropolitano opera com apenas 30,8% da sua capacidade total. Experiências internacionais em países como Espanha, Singapura e Estados Unidos mostram que a recarga de mananciais é viável e eficiente, sendo também utilizada em Brasília como solução alternativa para a escassez de água.

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