Política
A virada do ano chega acompanhada de um sinal de alerta para o abastecimento de água na Região Metropolitana de São Paulo.
O Sistema Integrado Metropolitano, responsável por atender milhões de moradores, opera atualmente com pouco mais de um quarto de sua capacidade total, atingindo o menor patamar registrado nos últimos dias. O cenário preocupa autoridades justamente em um período marcado por altas temperaturas e aumento do consumo.
Mesmo com ações emergenciais em andamento, o quadro exige cautela. O início de um novo ano encontra os reservatórios sob forte pressão, o que reforça a necessidade de uso consciente da água pela população.
Entre os sistemas mais afetados estão o Cantareira e o Alto Tietê, dois dos principais responsáveis pelo abastecimento do estado. Ambos trabalham com volumes próximos de 20% da capacidade, índice considerado baixo para esta época.
O Cantareira, que sozinho fornece água para quase metade da população da região metropolitana, segue operando em ritmo elevado. A dependência desse sistema amplia os riscos em períodos de calor intenso, segundo técnicos do setor.
Em outubro, o Cantareira já havia registrado o menor volume útil da última década. Apesar de uma breve recuperação com chuvas pontuais no início de dezembro, o nível voltou a cair de forma contínua nos dias seguintes.
Dois fatores principais ajudam a explicar a redução acelerada dos volumes. O primeiro é a sequência de dias com temperaturas recordes, que marcaram o fim de dezembro e devem continuar influenciando o clima no começo de janeiro.
A capital paulista, por exemplo, registrou máximas históricas para o mês, aumentando significativamente a demanda por água. O consumo chegou a crescer até 60% em algumas áreas, de acordo com dados da Sabesp.
Mesmo com parte da população fora da cidade durante as festas de fim de ano, a produção de água precisou ser ampliada. Em poucos dias, o volume distribuído subiu de forma expressiva, evidenciando a pressão sobre os mananciais, segundo a CNN.
Diante desse cenário, o governo estadual mantém monitoramento constante do sistema. A Sabesp adotou estratégias como reforço no bombeamento, redistribuição do fornecimento durante a noite e uso de caminhões pipa em regiões mais críticas.
Desde agosto, também está em vigor a redução da pressão da água no período noturno. A medida busca preservar os reservatórios sem comprometer totalmente o abastecimento, especialmente durante a madrugada.
A gestão da demanda ocorre diariamente, com cortes programados de até dez horas em determinados horários, sempre com autorização da agência reguladora estadual.
As previsões meteorológicas para janeiro não trazem alívio imediato. Os modelos indicam que as chuvas devem ficar abaixo da média histórica, o que dificulta uma recuperação rápida dos níveis dos reservatórios.
Mesmo quando as precipitações ocorrem, elas tendem a ser irregulares e insuficientes para reverter o quadro em curto prazo. O início de 2026 pode manter o sistema em situação delicada, segundo especialistas.
Nos últimos anos, investimentos estruturais têm buscado minimizar o risco de falta d’água. O sistema de abastecimento paulista funciona de forma integrada, permitindo a transferência de água entre diferentes mananciais.
Entre as principais iniciativas está a interligação Jaguari Atibainha, que leva água da bacia do Paraíba do Sul ao Cantareira. Outra obra relevante é o Sistema São Lourenço, que capta água a dezenas de quilômetros da capital.
Essas estruturas ampliam a segurança hídrica, mas não eliminam a necessidade de economia. O uso consciente segue sendo fundamental neste começo de ano, alertam as autoridades.
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