Política
A Prefeitura de São Paulo decidiu expandir a prescrição de medicamentos à base de canabidiol (CBD) na rede pública municipal. A partir de agora, pacientes poderão ter acesso ao tratamento para 31 diferentes condições de saúde, entre elas autismo, Alzheimer, Parkinson, depressão, ansiedade e distúrbios do sono.
Essa medida coloca a capital como referência no país, já que até então o medicamento era liberado apenas para três síndromes raras relacionadas a epilepsias graves.
De acordo com informações divulgadas pela Folha de S. Paulo, médicos das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) estão passando por treinamentos para receitar o produto. Profissionais que participaram confirmaram que a recomendação já é de uso imediato, com retirada do medicamento em farmácias municipais.
Apesar da novidade, o CBD ainda não aparece oficialmente na Remume (Relação Municipal de Medicamentos), mas já está listado no sistema eletrônico “Remédio na Hora”.
Mesmo com os avanços, alguns entraves permanecem. O sistema da prefeitura ainda indica a necessidade de ação judicial para garantir a retirada do medicamento, e a nota técnica que regulamenta o uso segue restrita a médicos, sem publicação oficial.
Para o deputado estadual Caio França (PSB), autor da lei que prevê a distribuição gratuita de canabidiol pelo SUS em São Paulo, o passo da prefeitura representa um grande avanço. Segundo ele, “o fluxo ainda não está perfeito, mas já serve como incentivo para que o governo estadual adote uma postura semelhante”.
Qualquer médico registrado no CRM e capacitado pela Secretaria Municipal de Saúde poderá prescrever. Para ter acesso ao produto, o paciente precisa apresentar cartão SUS ou CPF, receita médica, notificação de receita especial B1 (azul) e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
As consultas de acompanhamento serão obrigatórias e a prescrição tem validade de 30 dias. A entrega pode cobrir até 60 dias de tratamento, desde que haja avaliação médica periódica.
A rede municipal oferecerá duas formulações em solução oral:
Canabidiol Full Spectrum – contém até 0,2% de THC, além de vitamina E e ômega 3.
Canabidiol Broad Spectrum – sem THC, indicado para quem não pode ou não deseja consumir produtos com traços psicoativos.
Ambas estarão disponíveis em concentrações de 100 mg/ml e 200 mg/ml.
O uso medicinal da cannabis no Brasil avança gradualmente desde 2019, quando a Anvisa criou uma categoria específica para esses medicamentos. Hoje, ao menos 24 estados e o Distrito Federal discutem ou já têm regras próprias sobre o tema.
Em São Paulo, a lista de doenças agora contempladas inclui:
Autismo e outros transtornos do desenvolvimento;
Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla;
Epilepsias diversas, como Dravet e Lennox-Gastaut;
Depressão, ansiedade e distúrbios do sono;
Fibromialgia, artrites reumatoides e neuropatias;
Doença de Huntington e esclerose tuberosa;
Dor crônica e náuseas provocadas por quimioterapia.
Com a decisão, a capital paulista passa a ser a cidade brasileira com a maior abrangência de indicações para o uso de canabidiol no SUS, tornando o tratamento mais acessível para milhares de pessoas.
Classificação Indicativa: Livre