Política
Segundo apuração da CNN, uma operação militar dos Estados Unidos no Mar do Caribe atingiu um grupo de colombianos que navegava em um barco vindo da Colômbia. O episódio marcou o sexto ataque americano desse tipo na região.
O ataque, ocorrido na quinta-feira (16), faz parte da ofensiva do presidente Donald Trump para conter o fluxo de drogas para os Estados Unidos e aumentar a pressão sobre o líder venezuelano Nicolás Maduro. Desde o início da campanha militar, ao menos sete embarcações foram alvo de ataques. Todos, segundo Washington, ligados ao narcotráfico venezuelano.
Foi a primeira vez que uma operação desse tipo não resultou na morte de todos os ocupantes da embarcação. De acordo com o governo americano, o barco tinha “quatro narcoterroristas conhecidos a bordo”, mas até o momento nenhuma prova concreta foi apresentada para sustentar essa versão.
Os dois sobreviventes são um colombiano e um equatoriano. Eles foram identificados como Jeison Obando Pérez, de 34 anos, e Andrés Fernando Tufiño Chila, de 41. Ambos chegaram a ser detidos em um navio da Marinha dos EUA e, posteriormente, foram liberados e repatriados para seus países de origem.
O ministro do Interior da Colômbia, Armando Benedetti, informou que Obando desembarcou em Bogotá em estado crítico: “com traumatismo craniano, sedado, drogado e respirando por meio de um ventilador”. O ministro o classificou como “criminoso” e afirmou que ele “enfrentará a Justiça por tráfico de drogas”, embora não tenha esclarecido se já existiam investigações contra ele antes do ataque.
Já o governo do Equador informou que o outro sobrevivente está sob avaliação médica e responderá ao devido processo legal. Nenhum detalhe adicional foi divulgado até o momento.
"Na campanha eleitoral, o presidente Trump prometeu enfrentar os cartéis — e ele tomou medidas sem precedentes para parar o flagelo do narcoterrorismo que resultou em mortes desnecessárias de americanos inocentes", declarou a porta-voz da Casa Branca, Anna Kelly.
Ela acrescentou ainda que “o presidente continuará a usar todos os elementos do poder americano para impedir a entrada de drogas em nosso país e levar os responsáveis à Justiça”.
Apesar do discurso, a libertação dos sobreviventes levantou dúvidas sobre a consistência da operação. Especialistas apontam que, se os homens eram de fato “narcoterroristas perigosos”, a repatriação sem acusações formais coloca em xeque a legalidade da ofensiva militar.
O presidente colombiano Gustavo Petro criticou duramente a estratégia americana, acusando Washington de violar a soberania colombiana e de matar um pescador inocente em um ataque anterior, Alejandro Carranza. Segundo Petro, o barco de Carranza estava à deriva, com o sinal de socorro ligado, e o homem “não tinha qualquer ligação com o tráfico de drogas”.
“Funcionários do governo americano cometeram assassinato e violaram nossa soberania em águas territoriais”, afirmou Petro nas redes sociais.
Em resposta às críticas, Trump suspendeu parte da ajuda financeira à Colômbia e anunciou novas tarifas sobre as exportações do país, ampliando o confronto diplomático entre as duas nações.
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