Política
por Camila Lutfi
Publicado em 10/08/2025, às 11h27
Desde a última quinta-feira (7), Peru e Colômbia deslocaram militares para uma região de fronteira com o Brasil, em meio à uma disputa por uma ilha no rio Amazonas.
Segundo informações do jornal O Tempo, o Itamararty (Ministério das Relações Exteriores) e o Ministério da Defesa do Brasil acompanham as movimentações, mas ainda não se manifestaram publicamente.
As tensões na disputa histórica entre os dois países pela região aumentaram depois das comemorações de independência da Colômbia, na última quinta.
Os países vizinhos debatem sobre a linha de fronteira do rio Amazonas. Devido ao fluxo do rio e diversas mudanças climáticas, o leito passa por constantes alterações naturais, formando novas ilhas.
Mesmo com um acordo de divisão assinado em 1929 pela Comissão Mista Demarcadora, a diminuição do fluxo do rio nos últimos anos aumentou as discussões referentes à Ilha de Santa Rosa, onde fica a cidade de Letícia.
A ilha surgiu a partir de uma sedimentação do Amazonas — ou seja, um trajeto novo de curso d'água criada pelo rio — dentro da área peruana. A divisão feita há quase cem anos considera o ponto mais profundo do rio.
Para o governo peruano, Santa Rosa está situada na Ilha Chinería, que já era de domínio do país e, desde 1970, é administrada por Lima e recebe serviços do governo. Vale ressaltar que a área, que contam com cerca de 3 mil habitantes, possui falta de infraestrutura básica e abandono.
Já o governo colombiando defende que a nova ilha está em seu território, mas com habitantes peruanos — que entedem a região como parte do território peruano.
A tensão diplomática começou no ano passado, observando que as mudanças do leito ameaçam a cidade de Letícia sem saída direta para o rio. Atualmente, a cidade é um importante porto de produtos colombianos.
Ainda segundo o jornal O Tempo, pesquisas dos dois países revelam que o rio Amazonas pode se desviar totalmente para o lado peruano em 5 anos.
Já neste ano, em junho, o Peru criou um novo distrito na ilha e enviou funcionários públicos. A Colômbia protestou o movimento, argumentando que Santa Rosa surgiu naturalmente após o acordo de divisão, o que exigiria uma negociação bilateral.
O Ministério das Relações Exteriores do Peru rebateu, afirmando que exerce soberania de forma legítima e legal sobre o território.
Na última quinta, Gustavo Petro, presidente da Colômbia, transferiu as celebrações da independência do país de Bogotá para Letícia.
Durante o ato, Petro negou que o território seja de jurisdição do Peru. Ele também afirmou que levaria o caso à Justiça internacional caso o vizinho não entre em negociação.
Eduardo Arana, primeiro-ministro do Peru, e parte de seu gabinete visitaram a reigão no mesmo dia. Segundo a imprensa peruana, houve um suposto sobrevoo de aviões militares colombianos em espaço aéreo do Peru.
Em seguida, militares peruanos foram deslocados para Santa Rosa, hasteando bandeiras do país. Por sua vez, a tropa militar colombiana foi reforçada em Letícia.
Petro considerou a atitude como "golpe de Estado" e ordenou a saída do embaixador colombiano da capital peruana, Lima. Já o Peru teve a mesma atitude, o que aumentou as tensões diplomáticas na fronteira do Brasil.
*Com informações do jornal O Tempo e AFP
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