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Já se perguntou por que o teclado é QWERTY e não ABCD? A resposta vem do século XIX

Criado no século XIX, o teclado QWERTY se popularizou por fatores históricos e comerciais, e não por ser o mais eficiente  |  Reprodução/ pexels

Publicado em 17/06/2025, às 16h58   Reprodução/ pexels   Bianca Felix

Você já parou para observar que o seu teclado do computador, celular ou tablet não segue a ordem alfabética. O modelo mais comum, conhecido como QWERTY, é o padrão global há mais de um século. Mas afinal, por que ele se tornou tão popular? A resposta está em uma mistura de fatores técnicos, históricos e comerciais.

Origem 

O layout QWERTY recebeu esse nome por causa das seis primeiras letras da fileira superior do teclado, da esquerda para a direita. Esse formato surgiu junto com as primeiras máquinas de escrever, e a sua criação é atribuída a Christopher Latham Sholes, que desenvolveu o modelo em parceria com colegas por volta de 1870.

A configuração foi pensada para atender às limitações técnicas da época. A alta velocidade de digitação nas máquinas de escrever fazia com que as hastes das letras se chocassem, travando o equipamento. O QWERTY, ao separar algumas combinações de letras comuns no inglês, ajudava a reduzir esse problema.

Mas essa explicação técnica, mesmo sendo  popular, não é a única. O próprio posicionamento de letras como o par “TH”, bastante comum na língua inglesa, mostra que a lógica não era simplesmente afastar todas as combinações frequentes. Há pares próximos, como “TH”, que podem ser digitados confortavelmente com os dedos indicadores de cada mão.

Telégrafo, código Morse e a ajuda das armas

Outro fator relevante é que o QWERTY também foi criado pensando em operadores de telégrafo, que precisavam transcrever mensagens em código Morse. Isso justifica, por exemplo, o posicionamento da letra “Z” próximo ao “S” e “E”, já que esses sinais eram semelhantes no sistema Morse americano.

A difusão do QWERTY não se deu apenas por mérito técnico. A empresa E. Remington and Sons, tradicional fabricante de armas, foi a responsável por colocar a máquina de escrever com esse teclado no mercado, ao preço de US$ 125 na época, o que hoje seria equivalente a cerca de US$ 3 mil. Esse valor era responsável por representar diversos meses de salário das secretárias, principais usuárias do equipamento.

A Remington ainda ofereceu cursos de datilografia com o padrão QWERTY e se fundiu com outras quatro fabricantes, que também adotaram o mesmo layout. Essa união garantiu a popularização e padronização do QWERTY, que se consolidou ainda antes do século XX.

Dvorak: o concorrente que não vingou

Apesar do domínio do QWERTY, outras alternativas foram criadas. Em 1932, August Dvorak, professor da Universidade de Washington, desenvolveu o Teclado Simplificado Dvorak. Sua ideia tinha o objetivo de priorizar o posicionamento de letras mais usadas próximas umas das outras, além de favorecer a mão dominante.

Estudos da Marinha dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial indicaram que o teclado Dvorak realmente permitia maior velocidade de digitação. No entanto, o QWERTY já estava consolidado e o novo layout não conseguiu substituir o tradicional.

Em suma, é evidente que o sucesso do QWERTY, apesar de também estar relacionado à sua suposta eficiência, deve-se muito mais à força de padrões consolidados e acordos comerciais históricos.

Mesmo com alternativas mais modernas, mudar o que já está estabelecido há tanto tempo é uma tarefa complexa.

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