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Publicado em 19/12/2025, às 13h31 Foto: Reprodução/Jefferson Aguiar Fernanda Montanha
O Corinthians contará com a presença de cerca de 4 mil torcedores no Maracanã no domingo, às 18h, para o confronto decisivo contra o Vasco, pelo jogo de volta da final da Copa do Brasil.
O número chama atenção por ficar muito distante da histórica mobilização alvinegra registrada no mesmo estádio em 1976. A diferença não está na falta de interesse da torcida, mas em regras que hoje limitam esse tipo de movimento.
Atualmente, o Regulamento Geral de Competições da CBF estabelece um teto para a presença de torcedores visitantes. O limite máximo permitido é de 10 por cento da capacidade total do estádio, respeitando também as restrições impostas pelos órgãos de segurança. Essa norma padroniza a divisão de ingressos e impede concentrações massivas como as do passado.
Na prática, o percentual destinado ao clube visitante pode ser ajustado por meio de negociação entre as diretorias envolvidas. No duelo entre Corinthians e Vasco, não houve exigência de igualdade absoluta, mas o acordo ficou bem abaixo do limite máximo.
O resultado foi uma presença significativa, porém controlada, em comparação com outros momentos históricos.
Os cerca de 4 mil corintianos ocuparão aproximadamente 5,1 por cento da capacidade do Maracanã. No primeiro jogo da decisão, disputado em Itaquera, o cenário foi semelhante.
Aproximadamente 2.560 torcedores do Vasco estiveram na Neo Química Arena, preenchendo algo em torno de 5,2 por cento do estádio.
Esse equilíbrio mostra como a lógica atual busca evitar desequilíbrios entre mandantes e visitantes. A prioridade passou a ser segurança e organização, algo bem diferente do contexto vivido em décadas anteriores.
Em 5 de dezembro de 1976, Corinthians e Fluminense dividiram o Maracanã em uma das semifinais mais emblemáticas do Campeonato Brasileiro. Estima se que, dos cerca de 146 mil presentes, aproximadamente 70 mil fossem corintianos, embora o número seja contestado por torcedores tricolores.
Naquele período, o Corinthians vivia um jejum de 22 anos sem títulos e a expectativa era enorme. A mobilização foi tão intensa que o então Departamento Nacional de Estradas de Rodagem precisou organizar a chamada Operação Corinthians, diante do fluxo anormal de veículos na Via Dutra.
Uma declaração provocativa do presidente do Fluminense, Francisco Horta, ajudou a inflamar ainda mais o ambiente. A frase, pensada como estratégia, acabou funcionando como combustível para a mobilização alvinegra. Jornais da época relataram que dezenas de milhares de ingressos se esgotaram em poucas horas em São Paulo.
Dentro de campo, o empate por 1 a 1 levou a decisão para os pênaltis, com classificação corintiana. Apesar de o título nacional não ter vindo naquele ano, a invasão entrou definitivamente para a história do futebol brasileiro.
Mesmo sem a possibilidade de repetir aquela cena, o Corinthians tenta resgatar simbolicamente o espírito da invasão. Em outras decisões no Maracanã, como o Mundial de 2000 e a final da Copa do Brasil de 2022, a torcida voltou a marcar presença, segundo o Uol.
Após o jogo de ida da atual final, mensagens exibidas nos telões da Neo Química Arena reforçaram o tom de mobilização. A invasão agora é mais contida, mas o significado emocional permanece o mesmo, transformando o Maracanã, mais uma vez, em palco de um capítulo decisivo para o clube.