Farinha Lima

Patrulha no palco

Na Paulista, até viatura da GCM vira atração de protesto  |  Foto: Imagem feita por IA

Publicado em 24/09/2025, às 07h00   Foto: Imagem feita por IA   Farinha Lima

Na Paulista de sempre, onde protesto é quase atração turística, a estrela do domingo foi uma viatura da Guarda Civil Metropolitana, que resolveu desfilar no meio do ato contra a PEC da Blindagem e terminou levando uma chuva de palavrões.

Oficialmente, os guardas foram chamados para “proteger” o ex-deputado Douglas Garcia, que apareceu para filmar sua própria plateia de hostilidades.

O resultado? Gás lacrimogêneo, escudos e a acusação de que a GCM mais parecia reforço de palco do prefeito Ricardo Nunes - também lembrado em coro nada carinhoso pelos manifestantes.

Esquerda de verde e amarelo

Foto: Imagem feita por IA

Ainda no ato de domingo, a cena foi inusitada: bandeirões verde e amarelos tremulando em ato da esquerda, com um “Sem Anistia” tomando o lugar do clássico “Ordem e Progresso”.

No calor de 30 graus, manifestantes trocaram o vermelho puro por uma paleta meio patriótica para protestar contra a PEC da Blindagem e a anistia aos envolvidos no 8 de janeiro.

O roteiro ainda incluiu Tabata Amaral e Boulos no camarote político, música na rua e, em outras capitais, shows de Caetano, Gil e Daniela Mercury.

Se no ato da direita a moda foi estender a bandeira dos EUA, a esquerda respondeu com verde-amarelo remixado: parece que até as cores do protesto viraram objeto de disputa ideológica.

Drive-thru imobiliário

Na São Paulo onde até córrego canalizado vira ativo de luxo, a Prefeitura passou 25 anos brigando na Justiça para garantir a posse de um terreno que, no passado, foi o leito do Córrego do Sapateiro; hoje escondido entre o drive-thru de um McDonald’s e um terreno vazio na Faria Lima.

Vencida a disputa, o espaço de 140 m² finalmente é municipal... mas não por muito tempo: a gestão Ricardo Nunes já incluiu o endereço no pacote de privatizações e, ironicamente, quem deve se beneficiar é justamente a empresa que comprou os lotes vizinhos, a Partage, do Grupo B28. 

Do woke ao Baccarelli

No Municipal, a ópera do momento não é de Verdi, mas de bastidores políticos: depois que um funcionário da ONG Sustenidos publicou nas redes que o ativista conservador Charlie Kirk “mereceu morrer”, vereadores correram para pedir a rescisão do contrato de gestão do teatro - e conseguiram.

Oficialmente, a polêmica foi a gota d’água; extraoficialmente, a troca já estava ensaiada fazia tempo, parte da cruzada contra a “cultura woke”. Agora, o palco deve passar para o Instituto Baccarelli, bem afinado com Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas. 

Classificação Indicativa: Livre


TagsFarinha LimaColuna

Leia também


Baianinho cor de Rosa


Um peixe baiano