Morte solitária: ex-Raça Negra quase é enterrado como indigente em SP

O ex-integrante do grupo Raça Negra, Edson Bernardo de Lima, conhecido como Edson Café, faleceu no último domingo (1), aos 69 anos, em um hospital público de São Paulo. Dependente químico, ele vivia em situação de rua e chegou a ser acolhido por uma fã em Cotia, na região metropolitana. No entanto, havia deixado a casa dela há cerca de três anos.

Segundo a amiga Xênia Alves, Café corria o risco de ser enterrado como indigente, pois foi encontrado sem documentos em uma via pública da zona leste paulistana. Uma mulher desconhecida o socorreu após vê-lo pedindo ajuda na rua. Ele foi inicialmente levado à UPA do Carrão e, após sofrer uma parada cardíaca, foi transferido ao Hospital Municipal do Tatuapé, onde faleceu.

O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal de Artur Alvim como não identificado. Somente após uma mulher o reconhecer no IML, os filhos de Café foram acionados. Junior e Fabio, filhos do músico, confirmaram oficialmente a identidade do pai.

Café enfrentou uma longa luta contra as drogas. Após sofrer um AVC que comprometeu seus movimentos, deixou o grupo musical e passou a morar nas ruas. Tentou diversas vezes se reabilitar, morou com familiares no Rio de Janeiro, mas acabou retornando a São Paulo, onde viveu entre a favela Três Coco e a Praça Sampaio Vidal.

O ex-músico buscava pequenas atividades para evitar recaídas. "Prefiro sair, cuidar de carro na praça, ganhar um troco. Se ficar parado, acabo querendo me drogar", contou em entrevista de 2020.

O caso foi registrado como morte suspeita no 52º Distrito Policial. A Polícia Civil aguarda laudos para esclarecer a causa exata do óbito.

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