Polícia
Publicado em 27/07/2025, às 10h42 O homem lidera o projeto "Adega Legado", com tema de resgate da ancestralidade africana. - Foto: Reprodução/Instagram Camila Lutfi
Um vídeo repercutiu nas redes sociais desde a última sexta-feira (25), após o arquiteto Gabriel Rosa, de 24 anos, denunciar uma visitante por injúria racial na Casacor São Paulo. O profissional é responsável por um dos projetos em exposição no evento de arquitetura e design de interiores.
Gabriel lidera o projeto "Adega Legado", com tema de resgate da ancestralidade africana. A Casacor acontece no Parque da Água Branca, na Zona Oeste da capital, até dia 3 de agosto.
Em entrevista ao g1, ele contou que estava no seu ambiente, recebendo os visitantes, quando foi abordado por uma mulher e começaram a conversar. Ela fez comentários preconceituosos — em tom de naturalidade — sobre cotas raciais, médicos negros e o comportamento de pessoas pretas em espaços públicos.
Segundo o homem contou ao portal, a mulher entrou no ambiente, pegou um panfleto com a foto de Gabriel Rosa e se aproximou dele 'com um tom de deboche' ao perguntar se ele era o arquiteto. Ela se apresentou como advogada.
Ao longo da conversa, ela comentou que 'pretos que são pobres' andam como se fossem da realeza, enquanto os brancos andam de forma desleixada. Além disso, mencionou que se recusa a ser atendida por médicos negros.
Nesse momento, Gabriel começou a gravar um vídeo discreto enquanto a mulher seguia com os comentários racistas. Em um trecho, ela critica as cotas raciais:
"Depois que pode entrar [na universidade] com cota, eu não vou mais a médico preto. Por quê? Lá na UnB, por exemplo. Eu morei em Brasília por anos, ainda tenho casa lá. Eu conheço professores de medicina que, se eles derem nota baixa para um preto, que tirou nota baixa, que não estudou, o preto processa o professor. Então, nenhum professor dá nota baixa. Aí o que fazem? As pessoas de cor e as de cadeira de roda, todas as cotas, os professores dão nota. Como eu vou me consultar com um médico que passou voando na faculdade de medicina?", disse a mulher em trecho do vídeo.
Depois do episódio, o arquiteto procurou a organização da Casacor, que acionou a polícia após identificar a visitante. Quando confrontada pelas autoridades, a mulher confirmou as declarações, mas afirmou que não teve a intenção de magoar Gabriel.
Em seu Instagram, o arquiteto fez uma delcaração sobre o ocorrido. Veja:
"A CASACOR repudia veementemente qualquer ato de racismo, discriminação ou violência. São atitudes inaceitáveis e criminosas, que não têm lugar em nossos ambientes.
Nosso compromisso com o respeito, a diversidade e a dignidade humana é inegociável. Trabalhamos para garantir que a mostra seja sempre um espaço seguro, acolhedor e representativo para todas as pessoas.
Seguiremos atentos e atuantes para impedir qualquer forma de discriminação."
Gabriel Rosa expõe um ambiente pela segunda vez na Casacor SP. Sua primeira vez foi no ano passado, quando tinha 22 anos e foi o arquiteto mais jovem da história do evento. Ele venceu o prêmio de Melhor Ambiente da Casacor SP 2024.
Na edição deste ano, assina o ambiente “Adega Legado”, que resgata a ancestralidade negra e combate o apagamento histórico em relação ao início da ideia de fermentação para o preparo do vinho.
Ele revelou, ao g1, que essa prática começou há 5.000 anos no Egito, mas observa que os gregos levaram a fama do pioneirismo.
Os ingressos para a Casacor variam de R$ 60 a R$ 200 e podem ser comprados no site oficial do evento.
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