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Ford condenada a pagar R$ 30 milhões após fechamento polêmico da fábrica na Bahia — entenda o que aconteceu

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A condenação foi resultado de ação do Ministério Público do Trabalho da Bahia, destacando a falta de diálogo com sindicatos antes das demissões.  |   BNews SP - Divulgação Foto: Reprodução/Ford
Fernanda Montanha

por Fernanda Montanha

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Publicado em 07/08/2025, às 09h31



Mais de quatro anos após anunciar o encerramento de suas operações industriais no Brasil, a montadora Ford foi condenada pela Justiça do Trabalho a desembolsar R$ 30 milhões por danos morais coletivos.

A penalidade foi imposta pela Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, atendendo a uma ação civil pública apresentada pelo Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT-BA).

A principal acusação foi a falta de negociação com o sindicato dos trabalhadores antes da demissão em massa ocorrida na unidade de Camaçari, na Bahia.

De acordo com o MPT, a empresa ignorou obrigações firmadas em acordos coletivos e em contratos com o BNDES. Além disso, tomou a decisão de forma unilateral, desrespeitando os princípios da negociação coletiva.

“Só houve diálogo depois que o caso já estava na Justiça”, declarou a procuradora do trabalho Flávia Vilas Boas, responsável pela condução do processo. A procuradora reforça que, em casos de desligamento em larga escala, a mediação com os sindicatos é obrigatória.

A Ford, procurada para comentar pelo Uol, afirmou que não se manifesta sobre ações judiciais em andamento.

Impacto social e econômico

A decisão da montadora de encerrar a produção no Brasil foi anunciada em 11 de janeiro de 2021. A justificativa foi um processo global de reestruturação para cortar custos. Estima-se que a operação tenha custado à empresa cerca de US$ 4,1 bilhões.

A fábrica de Camaçari, uma das mais afetadas, teve cerca de 4 mil colaboradores desligados, conforme o Sindicato dos Metalúrgicos local. O encerramento das atividades gerou protestos, ações judiciais e um processo de conciliação que resultou em um acordo em maio de 2021.

Cada trabalhador recebeu, além dos direitos rescisórios, dois salários extras por ano trabalhado e uma compensação proporcional ao tempo de casa, com valor mínimo de R$ 130 mil.

As demissões não se restringiram à Ford. Empresas fornecedoras, conhecidas como “sistemistas”, também fecharam as portas, ampliando os impactos na economia da região. Segundo o Dieese, o número de postos de trabalho extintos em toda a cadeia produtiva pode ter sido até 20 vezes maior do que os cortes diretos da montadora.

Indenização bilionária ao governo

Além da condenação recente, a Ford já havia pago R$ 2,15 bilhões ao governo da Bahia, em 2022, por não cumprir compromissos de investimento firmados em troca de incentivos fiscais.

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A indenização de R$ 30 milhões só será repassada após o esgotamento de todas as possibilidades de recurso. Quando isso ocorrer, o processo seguirá para execução na 3ª Vara do Trabalho de Camaçari. O destino final do valor, de natureza reparatória, ainda será definido.

Enquanto isso, ações individuais e coletivas seguem em andamento para garantir compensações aos trabalhadores diretamente afetados pelo fechamento.

“A sentença é um marco na defesa dos direitos coletivos dos trabalhadores diante de decisões empresariais unilaterais e abruptas,” concluiu o relator do caso, desembargador Edilton Meireles.

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