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Organizadora do Rock in Rio é penalizada por trabalho escravo; entenda o caso

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Vítimas enfrentaram jornadas exaustivas, dormiram em condições insalubres e não receberam valores prometidos pela organização do Rock in Rio  |   BNews SP - Divulgação Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Marcela Guimarães

por Marcela Guimarães

Publicado em 28/05/2025, às 15h35



A Rock World, organizadora dos festivais Rock in Rio e The Town, foi incluída na chamada “lista suja” do Ministério do Trabalho e Emprego, título que reúne empresas responsabilizadas pelo uso de uma mão de obra análoga à escravidão.

A decisão veio após a conclusão de um processo administrativo em que a empresa teve a oportunidade de apresentar defesa contra infrações registradas por auditores fiscais do Rio de Janeiro.

O caso é resultado de uma operação realizada em dezembro de 2024, quando 14 pessoas foram resgatadas em condições insalubres durante a montagem das estruturas para o festival.

Embora a presença na “lista suja” não traga bloqueios financeiros ou comerciais, esse fator é utilizado como referência por bancos e empresas na hora de avaliar riscos.

Assim, a ferramenta é considerada um modelo de transparência e combate ao trabalho escravo moderno, sendo elogiada até mesmo por órgãos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU).

Pronunciamento da empresa

Em nota oficial, a Rock World divulgou que “repudia as acusações de trabalho análogo à escravidão e qualquer forma de trabalho que desrespeite a dignidade do trabalhador e a legislação vigente”.

“A empresa ressalta que não existe até o presente momento qualquer fato desabonador de sua conduta que tenha sido comprovado após ser submetido ao devido processo legal. A Rock World reforça que as supostas irregularidades trabalhistas não foram praticadas pela empresa e que a própria fiscalização do Ministério Público do Trabalho identificou que teria sido realizada pela empresa terceirizada FBC Backstage Eventos Ltda.”, afirmou a organizadora de festivais.

As investigações começaram a partir da fiscalização do Ministério Público do Trabalho em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego, atualmente no comando da “lista suja”. As duas empresas citadas foram autuadas.

O que aconteceu

O resgate dos trabalhadores começou no dia 22 de setembro de 2024, após uma fiscalização focada na verificação do cumprimento das leis trabalhistas por parte de expositores, comerciantes e contratantes de músicos durante o Rock in Rio.

A cena encontrada chocou os auditores pelos casos de jornadas que ultrapassavam 21 horas com apenas três de descanso entre um turno e outro, tudo na expectativa de pagamentos maiores que nunca chegaram.

As 14 pessoas resgatadas estavam dormindo em péssimas condições, deitadas sobre lonas, sacos plásticos e pedaços de papelão. Algumas estavam com cobertores improvisados.

Aquilo indicava que passar a noite no local fazia parte da rotina e já era previsto pela organização. Mulheres tomavam banho com canecas, já que o banheiro feminino não tinha chuveiro. Para garantir privacidade, precisavam tirar a maçaneta da porta e improvisar.

Essas vítimas de trabalho escravo desempenhavam funções braçais. Todas haviam sido contratadas com a promessa de ter um pagamento diário com valores entre R$ 90 e R$ 150, dependendo da carga horária, mas nem tudo foi totalmente pago.

Classificação Indicativa: Livre

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