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A Igreja Católica apresentou, no fim de novembro, uma nova nota doutrinal que reacende o debate sobre sexualidade no matrimônio. Produzido pelo Dicastério para a Doutrina da Fé e aprovado pelo papa Leão 14, o texto reconhece de maneira explícita que o sexo dentro do casamento possui uma função unitiva, e não apenas procriativa.
De acordo com o documento e informações da BBC Brasil, os atos sexuais contribuem para aprofundar o sentimento de pertencimento, fortalecer a união exclusiva entre marido e mulher e consolidar os deveres conjugais.
Mesmo reafirmando a defesa tradicional do casamento monogâmico entre homem e mulher, a orientação traz contrastes importantes ao afirmar que cada relação íntima não precisa ter como objetivo direto a geração de filhos, desde que o casal continue aberto à isso ao longo do casamento.
Nas últimas décadas, excessos culturais ligados ao individualismo e ao consumo distorceram tanto o sentido unitivo quanto o procriativo da sexualidade. Para o Vaticano, houve desde a supervalorização do prazer sem compromisso até a negação do papel afetivo do sexo nas relações.
A nota também apresenta três cenários como exemplo para maior compreensão: relações entre casais inférteis, atos sexuais que não buscam conscientemente a concepção e o respeito aos períodos naturais de infertilidade. Em todas essas situações, a intimidade pode servir como expressão do amor e da fidelidade, afirma o documento.
Papas anteriores, como João Paulo 2º, já falavam sobre o caráter unitivo da sexualidade. No entanto, especialistas destacam que a nova nota dá maior visibilidade a essa compreensão, ainda pouco aceita por parte dos fiéis.
Teólogos apontam que a Igreja passou séculos tratando o sexo com desconfiança, muitas vezes incentivando práticas de abstenção mesmo dentro do matrimônio. Após o Concílio Vaticano II, no entanto, um processo de revisão dessa postura se iniciou, consolidado no Catecismo de 1992, que já descrevia o sexo como fonte de alegria, prazer e união espiritual, desde que vivido no amor.
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