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O episódio final da primeira temporada de Pluribus na AppleTV+ deixa claro que a série nunca foi sobre encontrar respostas simples.
Após nove capítulos marcados por tensão psicológica e dilemas morais, a produção encerra seu arco inicial revelando que a tal “paz” oferecida pelo hive-mind pode ser apenas a face mais sofisticada do controle absoluto. O fim não resolve conflitos: ele os aprofunda, as informações são do O Tempo.
O encerramento começa de forma inquietantemente calma. Kusimayu, antes apresentado como resistente ao sistema coletivo, aceita o ritual do Joining. Sem violência explícita, sem caos, apenas submissão.
A cena resume a tese central da série: o maior perigo não é a destruição do mundo, mas a desistência dele. A libertação dos animais e o abandono da ideia de posse parecem gestos quase utópicos, mas escondem um vazio estrutural, uma sociedade sem escolha, sem conflito e, principalmente, sem identidade.
A virada mais perturbadora do episódio vem com Manousos. Ao provocar medo em um membro do coletivo e desencadear uma crise epiléptica, ele indica que as consciências individuais continuam presas ali dentro. Não são pessoas felizes, são reféns biológicos. Essa revelação redefine todo o debate moral da série e prepara um conflito muito mais sombrio para o futuro.
Carol, no entanto, se recusa a escutar. Não por ignorância, mas por medo de perder o pouco conforto emocional que restou, especialmente sua relação com Zosia. A escolha não é heroica nem vilã: é profundamente humana.
A revelação sobre os óvulos congelados destrói de vez a ilusão de autonomia de Carol. A felicidade oferecida pelo sistema tinha termos ocultos. É nesse ponto que surge a bomba nuclear, menos como ameaça literal e mais como metáfora máxima do poder e da responsabilidade. Para salvar a humanidade, Carol agora carrega algo capaz de exterminá-la.
A 2ª temporada de Pluribus deve abandonar qualquer debate abstrato. O confronto deixa de ser filosófico e passa a ser existencial. Não será mais sobre viver melhor, mas sobre continuar existindo como indivíduo.
Classificação Indicativa: Livre