Entretenimento
“Caso Eloá: Refém ao Vivo”, novo documentário da Netflix, mal estreou e já se tornou o título mais assistido da plataforma no Brasil. A produção revisita um dos episódios mais marcantes e traumáticos da história recente do país: o sequestro e assassinato de Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, ocorrido em 2008 e amplamente televisionado pela mídia.
Além de depoimentos inéditos de autoridades, negociadores e jornalistas que acompanharam o caso, o documentário dá espaço para familiares e amigos da adolescente, oferecendo uma perspectiva emocional e crítica sobre como o episódio foi conduzido pela imprensa da época.
Em entrevista à CNN, a produtora Veronica Stumpf explicou que a equipe tentou incluir Sonia Abrão na narrativa, especialmente porque seu programa, A Tarde é Sua, foi responsável por uma das ações mais controversas da cobertura: uma entrevista ao vivo com Lindemberg Alves, o sequestrador.
Segundo Stumpf, Sonia foi convidada para dar sua versão sobre o episódio, mas decidiu não participar. “Ela recusou totalmente. Os advogados dela orientaram que não falasse sobre o assunto”, afirmou a produtora.
Apesar da ausência da apresentadora, o documentário conta com o depoimento de Luiz Guerra, o repórter que intermediou a ligação com Lindemberg. Guerra comenta que, na época, qualquer jornalista teria aceitado estar naquela posição, ainda que, posteriormente, autoridades tenham criticado a interferência da mídia na negociação policial.

O sequestro de Eloá, então com 15 anos, mobilizou o Brasil durante cem horas. Mantida refém pelo ex-namorado de 22 anos, a jovem foi mantida em cárcere enquanto câmeras de televisão transmitiam cada passo da operação, mostrando uma mistura de tensão, especulação e falta de controle sobre a presença da imprensa no local.
Cenários caóticos, entrevistas ao vivo com vizinhos, testemunhas e até com o próprio sequestrador transformaram o caso em um espetáculo midiático sem precedentes. A presença da mídia foi apontada por especialistas como um fator que comprometeu a condução policial.
“Caso Eloá: Refém ao Vivo” retoma esse debate ao revisitar erros, excessos e impactos emocionais deixados pela tragédia, ao mesmo tempo em que oferece um retrato mais humano de quem Eloá era, longe das câmeras e do tumulto que marcou seus últimos dias.
Classificação Indicativa: Livre