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A cantora Anitta, de 32 anos, esteve no Parque Indígena do Xingu, em Mato Grosso, ao lado do apresentador Luciano Huck, para gravar um especial do Domingão com Huck. A visita, marcada por encontros com lideranças tradicionais e participação em rituais, trouxe visibilidade a comunidades que lutam, diariamente, para preservar sua cultura diante de pressões externas.
Mais do que uma presença simbólica, o episódio abriu espaço para falar sobre povos que carregam histórias milenares. Entre eles, estão os Kayapó e os Kuikuro, cada um com suas tradições, línguas e formas de se relacionar com o território.
Vivendo ao longo do alto curso dos rios Iriri, Bacajá, Fresco e afluentes do Xingu, os Kayapó ocupam um território quase do tamanho da Áustria. A maior parte da área é recoberta pela floresta equatorial, com exceção da porção leste, onde há cerrado.
No século XIX, estavam divididos em três grandes grupos — Irã'ãmranh-re, Goroti Kumrenhtx e Porekry — que deram origem aos sete subgrupos atuais, como os Gorotire e os Xikrin. A cosmologia kayapó é rica em rituais e símbolos, e a oratória é altamente valorizada. Eles se autodenominam mebêngôkre, “os homens do buraco d’água”, embora tenham recebido o nome Kayapó de povos vizinhos, em referência a rituais com máscaras de macacos.
A história de contato com os “brancos” foi marcada por violência, doenças e deslocamentos. Ainda assim, os Kayapó resistiram, reorganizando-se em aldeias que podem reunir de 200 a 900 pessoas. Hoje, são um dos grupos mais numerosos da Amazônia, com cerca de 6.300 indivíduos.
No mesmo Parque Indígena que recebeu a visita de Anitta e Huck, vivem os Kuikuro, povo que pertence à família linguística Karib. Suas aldeias, localizadas no Alto Xingu, são organizadas em círculos, tendo a casa dos homens no centro — espaço reservado para reuniões e decisões coletivas.
A cosmologia kuikuro também é marcada por rituais complexos, que envolvem música, dança e narrativas míticas transmitidas oralmente. A língua nativa segue sendo falada, mas há também o uso do português, especialmente entre os jovens em contato com cidades vizinhas.
A população é menor que a dos Kayapó, mas os Kuikuro se destacam por sua forte organização social e resistência cultural, mantendo práticas agrícolas, de pesca e de caça que sustentam a comunidade e reafirmam sua ligação com a terra.
Embora diferentes em número e localização, Kayapó e Kuikuro compartilham desafios semelhantes: a pressão por suas terras, os impactos ambientais e a necessidade de manter vivas as tradições em um mundo em constante transformação.
A presença de figuras públicas como Anitta e Luciano Huck não resolve essas questões, mas ajuda a jogar luz sobre povos que há séculos preservam conhecimentos únicos sobre a floresta e a vida em comunidade.
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