Política
A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quarta-feira (20) o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação a autoridades responsáveis pela ação penal do golpe de Estado. O relatório foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) e aponta que ambos tentaram atrapalhar as investigações, inclusive com articulação junto ao governo de Donald Trump, nos Estados Unidos.
Segundo a PF, há elementos que indicam que os dois também cometeram o crime de tentativa de abolição do Estado democrático de direito. As ações, de acordo com o documento, tinham como objetivo atingir diretamente instituições como o STF e até mesmo o Congresso Nacional.
Mensagens extraídas de um celular apreendido com Jair Bolsonaro mostram intensa produção e divulgação de conteúdos nas redes sociais, desrespeitando medidas cautelares impostas anteriormente.
No mesmo dia, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão contra o pastor Silas Malafaia, que aparece nas investigações por suposta coação a autoridades. Embora tenha prestado depoimento, ele não foi indiciado. Conversas recuperadas indicam trocas de mensagens entre Malafaia, Jair e Eduardo Bolsonaro, reforçando tentativas de articulação para intimidar autoridades e atrapalhar as apurações.
Uma das mensagens citadas no relatório é de 25 de julho de 2025, quando Malafaia pede a Jair Bolsonaro que dispare vídeos nas redes sociais com frases como:
“ATENÇÃO! Dispara esse vídeo às 12h” e “Não podemos nos calar!”
O relatório também revela mensagens enviadas por Eduardo Bolsonaro ao pai, evidenciando que as ações visavam garantir impunidade para Jair Bolsonaro, e não apenas defender anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023.
Em uma conversa, Eduardo afirma:
“Temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia OU enviar o pessoal que esteve num protesto que evoluiu para uma baderna para casa num semiaberto.”
Além disso, Eduardo passou a publicar conteúdos em inglês para mobilizar apoio externo e interferir no andamento da ação penal no STF.
Jair Bolsonaro cumpre prisão domiciliar determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, justamente pelas tentativas de coação. O julgamento do processo no qual ele é réu, por tentativa de golpe de Estado, está marcado para 2 de setembro.
As investigações também encontraram no celular do ex-presidente um rascunho de pedido de asilo político para a Argentina, direcionado ao presidente Javier Milei. No texto, Bolsonaro alega ser perseguido politicamente no Brasil.
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