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PF indica Jair e Eduardo Bolsonaro por coação no caso do golpe; Malafaia é alvo de operação

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Relatório da PF aponta coação e tentativa de abolição do Estado democrático por Jair e Eduardo Bolsonaro.  |   BNews SP - Divulgação Reprodução/ BBC
Gabriela Teodoro Cruz

por Gabriela Teodoro Cruz

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Publicado em 21/08/2025, às 07h01



A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quarta-feira (20) o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação a autoridades responsáveis pela ação penal do golpe de Estado. O relatório foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) e aponta que ambos tentaram atrapalhar as investigações, inclusive com articulação junto ao governo de Donald Trump, nos Estados Unidos.

Indícios de tentativa de abolir o Estado democrático

Segundo a PF, há elementos que indicam que os dois também cometeram o crime de tentativa de abolição do Estado democrático de direito. As ações, de acordo com o documento, tinham como objetivo atingir diretamente instituições como o STF e até mesmo o Congresso Nacional.

Mensagens extraídas de um celular apreendido com Jair Bolsonaro mostram intensa produção e divulgação de conteúdos nas redes sociais, desrespeitando medidas cautelares impostas anteriormente.

Operação também mira Silas Malafaia

No mesmo dia, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão contra o pastor Silas Malafaia, que aparece nas investigações por suposta coação a autoridades. Embora tenha prestado depoimento, ele não foi indiciado. Conversas recuperadas indicam trocas de mensagens entre Malafaia, Jair e Eduardo Bolsonaro, reforçando tentativas de articulação para intimidar autoridades e atrapalhar as apurações.

Uma das mensagens citadas no relatório é de 25 de julho de 2025, quando Malafaia pede a Jair Bolsonaro que dispare vídeos nas redes sociais com frases como:
“ATENÇÃO! Dispara esse vídeo às 12h” e “Não podemos nos calar!”

Eduardo Bolsonaro e a pressão internacional

O relatório também revela mensagens enviadas por Eduardo Bolsonaro ao pai, evidenciando que as ações visavam garantir impunidade para Jair Bolsonaro, e não apenas defender anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023.

Em uma conversa, Eduardo afirma:
“Temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia OU enviar o pessoal que esteve num protesto que evoluiu para uma baderna para casa num semiaberto.”

Além disso, Eduardo passou a publicar conteúdos em inglês para mobilizar apoio externo e interferir no andamento da ação penal no STF.

Prisão domiciliar e julgamento marcado

Jair Bolsonaro cumpre prisão domiciliar determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, justamente pelas tentativas de coação. O julgamento do processo no qual ele é réu, por tentativa de golpe de Estado, está marcado para 2 de setembro.

Pedido de asilo na Argentina

As investigações também encontraram no celular do ex-presidente um rascunho de pedido de asilo político para a Argentina, direcionado ao presidente Javier Milei. No texto, Bolsonaro alega ser perseguido politicamente no Brasil.

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