Esportes
por Isabela Fernandes
Publicado em 28/05/2025, às 09h06
A vitória do São Paulo por 2 a 1 sobre o Talleres, na noite de terça-feira (27), pela Copa Libertadores, foi ofuscada por uma grave denúncia de xenofobia feita após a partida. O caso envolveu o volante paraguaio Damián Bobadilla, do time paulista, e o lateral-esquerdo Miguel Navarro, da equipe argentina, que é venezuelano.
Visivelmente abalado, Navarro deixou o gramado chorando e evitou dar entrevistas naquele momento. Ele procurou o posto policial no estádio Morumbis para prestar depoimento.
Depois, foi encaminhado ao Jecrim (Juizado Especial Criminal), onde deu mais detalhes sobre a acusação. Após o segundo depoimento, ainda emocionado, o jogador conversou brevemente com a imprensa.
Segundo Navarro, Bobadilla teria o ofendido com um insulto xenofóbico, o chamando de “venezuelano morto de fome” durante a partida. A fala causou reação do elenco do Talleres, que se reuniram em volta de Bobadilla, e repercutiu fora de campo.
Durante coletiva, o técnico do clube argentino, Mariano Levisman, contou que seu jogador foi vítima de xenofobia. Já o capitão da equipe, Augusto Schott, foi ainda mais enfático e afirmou que a equipe havia sofrido racismo, criticando a falta de ação imediata.
"Quero falar sobre um ato de racismo que nós sofremos. Nos dói porque estamos num lugar em que se promove muito a luta contra o racismo. Um companheiro nosso ficou muito triste. Não queria deixar passar simplesmente isso", disse ele.
O técnico do São Paulo, Luis Zubeldía, foi questionado sobre o tema durante a coletiva pós-jogo, mas se irritou com o jornalista e tentou desviar o foco, afirmando que preferia falar sobre a classificação da equipe às oitavas de final da Libertadores.
Agora, Damián Bobadilla poderá ser alvo de sanções por parte da Conmebol. O jogador poderá ser suspenso da competição. Além disso, ele poderá ser convocado a prestar depoimento na DRADE (Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva), especializada em crimes dentro do ambiente esportivo.
Navarro se posicionou sobre o assunto em suas redes sociais. Ele escreveu: "Queria eu poder solucionar o problema da fome no meu país. Espero que Deus me dê abundância para que eu possa ajudar. Não creio que posso fazer muito contra a pobreza material. Nunca me envergonharei das minhas raízes, irei às últimas consequências diante do ato de xenofobia que vivi hoje no Brasil, das mãos de Damian Bobadilla. Não há espaço para discursos de ódio no futebol.
O Talleres também se posicionou nas redes sociais. Parte da nota diz: "Nos solidarizamos profundamente com Miguel e sua família neste momento. Como instituição, nos manifestamos contra qualquer forma de discriminação. Não há lugar para ódio no futebol"
Esse é o segundo episódio envolvendo xenofobia nessa edição da Libertadores. Em abril, o meia uruguaio Pablo Ceppelini, do Alianza Lima, foi suspenso por quatro meses após chamar torcedores do Boca Juniors de “bolivianos” em tom ofensivo durante uma partida na Bombonera.
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