Negócios
por Marcela Guimarães
Publicado em 20/06/2025, às 14h50
A fábrica da CAOA em Anápolis (GO) deixou de produzir veículos da Hyundai desde abril deste ano. A decisão marca o fim de uma parceria que começou em 1999, trazendo grandes resultados para as duas empresas, mesmo após o anúncio, no ano passado, que previa continuar e até ampliar a produção de modelos na Região Centro-Oeste.
Na prática, o encerramento da montagem de veículos Hyundai significa que o SUV Tucson e o HR deixaram de ser fabricados no Brasil. Apesar disso, os emplacamentos de ambos continuam em 2025.
O Tucson acumulava 960 unidades vendidas até esta semana, tendo uma média mensal de 180 veículos, enquanto o HR chegou a 1.785 emplacamentos, mantendo uma média acima de 300 caminhões por mês. São números distantes dos que a CAOA alcançou na época em que apostava em estratégias de vendas para popularizar a marca sul-coreana no Brasil.
A relação entre o grupo CAOA e a Hyundai começou ainda nos anos 1990, quando Carlos Alberto de Oliveira Andrade, fundador da CAOA, falecido em 2021, assumiu a representação da marca no país após uma disputa judicial com a Renault.
Naquela época, a Hyundai era vista com desconfiança pelos brasileiros, já que os modelos não eram muito atrativos. A estratégia de vendas, aliada à evolução tecnológica e de design, ajudou a reverter o cenário.
A CAOA apostou em SUVs e sedãs mais sofisticados, ao contrário de marcas que focavam em modelos populares. Essa abordagem melhorou a imagem da Hyundai e fez com que a CAOA virasse um dos principais grupos automotivos do país.
A decisão da Hyundai de investir diretamente no Brasil, com a instalação da fábrica em Piracicaba (SP) e o desenvolvimento da linha HB20, HB20S e HB20X, exclusivos para o mercado brasileiro, deixou a relação mais tensa.
Ambas as empresas chegaram a um acordo: a rede Hyundai cuidaria da venda de modelos nacionais, enquanto a CAOA seguiria com os importados e uma parte das concessionárias HB20. Assim, restrições do governo envolvendo as importações reduziram as vendas e trouxeram conflitos.
Em 2018, a CAOA entrou na Justiça contra a Hyundai, alegando que a marca tentou tomar controle total das operações. Em 2021, a decisão favoreceu a empresa brasileira, mas a disputa silenciosa continuou até um novo acordo, em 2024, que autorizou a CAOA a produzir carros de luxo em Anápolis.
Com o fim da parceria, a CAOA deve diminuir o impacto da saída da Hyundai apostando em outra marca que cresceu recentemente no Brasil: a chinesa Chery. Essa nova fase promete manter o grupo relevante mesmo após o fim de uma das uniões mais duradouras do setor.
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