Polícia
A Polícia Civil encerrou a investigação sobre a série de depredações contra ônibus que começou em 12 de junho, na Grande São Paulo. Segundo o Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), a motivação central foi a briga por linhas de transporte público na Zona Sul da capital.
“Os ataques orquestrados acabaram”, afirmou o delegado Fernando Santiago, responsável pela apuração, para o G1.
Atualmente, os registros são considerados isolados. Em agosto, a SPTrans identificou média de 3,6 ocorrências por dia, índice próximo ao período anterior à onda de vandalismo. No auge, em julho, esse número chegou a 12,9.
O marco inicial dos ataques coincidiu com a publicação de um despacho da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, em 12 de junho, criando um grupo de trabalho para tratar da transferência de linhas operadas pela Transwolff.
A empresa havia sido proibida de atuar em janeiro, após ser investigada por suposta ligação com o PCC. Desde então, sua gestão está sob intervenção da Prefeitura. A sucessora indicada para assumir parte das linhas foi a Sancetur.
O despacho previu participação da SPTrans, da própria Transwolff e da Sancetur, mas deixou de fora os cooperados que forneciam ônibus à antiga operadora. Para os investigadores, essa exclusão acendeu a revolta de parte dos motoristas autônomos, que reagiram com ataques como forma de protesto e tentativa de pressão sobre a nova concessionária.
A polícia ainda não tem resposta definitiva. Há duas hipóteses principais: a perda de fôlego natural da mobilização ou um acordo preliminar entre a Sancetur e os cooperados, que teria reduzido a tensão.
Durante os quase 50 dias de ataques, 22 pessoas foram presas, mas apenas seis seguem detidas. Nenhuma delas é cooperado.
De acordo com a apuração, muitos executores eram pessoas em situação vulnerável, contratadas para depredar os veículos em troca de valores entre R$ 20 e R$ 50.
A Transwolff, por meio de sua defesa, criticou a formação do grupo de trabalho, alegando que os representantes não foram escolhidos pela empresa, mas sim pelos interventores nomeados pela Prefeitura. A companhia conseguiu decisão judicial que reconhece o direito de indicar seus próprios integrantes.
Já a SPTrans declarou que não foi notificada da decisão mencionada pela Transwolff. Segundo a empresa pública, o grupo não contou com representantes da antiga operadora porque a Justiça proíbe seus sócios de exercerem qualquer ato de gestão.
Sobre a ausência dos cooperados, a SPTrans reforçou que a relação contratual é apenas com a concessionária responsável, não com prestadores terceirizados.
Com a investigação concluída, a polícia considera encerrada a fase de ataques articulados. O que resta, agora, são casos isolados sem relação direta com a disputa inicial.
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