Polícia
O empresário Randal Rossoni foi condenado pela Justiça de São Paulo a 14 anos de prisão pela morte do eletricista Odail Maximiliano, que prestava serviço para a concessionária Enel. O julgamento foi concluído na quinta feira (11) e definiu que a pena será cumprida inicialmente em regime fechado, em razão da gravidade do crime.
O caso ocorreu em março de 2024, na Rua Antônio Carlos Lamego, na zona leste da capital paulista. Odail integrava uma equipe terceirizada responsável por realizar cortes de energia elétrica em estabelecimentos inadimplentes, segundo o Metrópoles.
No meio da rotina de trabalho, o que deveria ser apenas mais um atendimento terminou em uma tragédia que mobilizou autoridades e trabalhadores do setor.
As investigações apontaram que a Enel havia determinado o desligamento da energia da academia de Rossoni por falta de pagamento. Durante a execução do serviço, o empresário iniciou uma discussão com os eletricistas e tentou agredir os funcionários, que conseguiram deixar o local após concluir o corte.
Após a saída da equipe, os trabalhadores seguiram para a avenida São Miguel, onde fariam outro atendimento. No entanto, eles passaram a ser seguidos pelo empresário, que surpreendeu o grupo momentos depois. Rossoni efetuou um disparo que atingiu Odail Maximiliano na região da axila.
O eletricista, de 26 anos, chegou a ser socorrido e levado para atendimento médico, mas não resistiu aos ferimentos. O crime gerou forte comoção entre colegas de trabalho e reacendeu o debate sobre a segurança de profissionais que atuam em serviços essenciais.
À polícia, Randal Rossoni admitiu que discutiu com a vítima após o corte da fiação elétrica do estabelecimento. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o empresário foi localizado por policiais militares na própria academia. A partir dos depoimentos e das provas reunidas, o Ministério Público apresentou denúncia por homicídio qualificado.
A Justiça aceitou a tese da acusação e condenou Rossoni por homicídio duplamente qualificado, reconhecendo motivo fútil e o uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. O entendimento foi de que a reação foi desproporcional e premeditada, resultando em uma pena elevada.
No dia seguinte ao crime, funcionários terceirizados da Enel organizaram um protesto na zona leste de São Paulo. O ato incluiu um buzinaço que percorreu diversas ruas da região, chamando atenção para a violência sofrida pelo colega.
Ao chegarem ao viaduto Carlito Maia, os trabalhadores desceram dos veículos e permaneceram abraçados sobre a mureta de proteção. Na ocasião, o gesto simbolizou luto, revolta e pedido por justiça. Em nota, a Enel repudiou o ato de violência e informou que prestaria apoio à família de Odail, além de acompanhar as investigações.
A condenação encerra uma das etapas do processo, mas o caso segue como símbolo dos riscos enfrentados por trabalhadores em atividades de campo e da necessidade de responsabilização em crimes motivados por conflitos banais.
Classificação Indicativa: Livre