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PF prende o ‘Careca do INSS’ em esquema de fraudes em aposentadorias

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Antônio Carlos Antunes e Maurício Camisotti são acusados de desvio de recursos no INSS, com rombo estimado em R$ 6,3 bilhões.  |   BNews SP - Divulgação Foto: Reprodução/Redes Sociais
Fernanda Montanha

por Fernanda Montanha

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Publicado em 12/09/2025, às 08h28



A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira (12) dois nomes apontados como peças centrais de um gigantesco esquema de desvios no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

Foram detidos Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, e o empresário Maurício Camisotti, ambos acusados de envolvimento direto nas fraudes.

Segundo os investigadores, o esquema pode ter causado um rombo de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. A descoberta do caso, em abril, levou inclusive à saída do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.

A PF afirma que entidades usavam assinaturas falsas para descontar valores de aposentadorias e pensões sem o conhecimento dos beneficiários.

Antunes foi encaminhado para a Superintendência da PF no Distrito Federal, enquanto agentes realizavam buscas em sua residência. Ele é acusado de movimentar cerca de R$ 9,3 milhões para pessoas ligadas a servidores do INSS entre 2023 e 2024. A defesa dele não foi encontrada pela imprensa.

Já Camisotti foi detido em São Paulo. Ele seria sócio oculto de uma associação usada para fraudar benefícios da Previdência. Seus advogados alegam que não há justificativa para a prisão e que recorrerão da decisão.

Gov

Buscas, apreensões e carros de luxo

A operação cumpre dois mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão em São Paulo e no Distrito Federal, autorizados pelo ministro do STF André Mendonça. Entre os bens apreendidos, estão carros de luxo como Ferrari, Porsche, Land Rover, Mercedes e até um modelo de Fórmula 1.

Os agentes também fizeram buscas no escritório e na casa do advogado Nelson Wilians, onde encontraram diversas obras de arte. Em nota, ele afirmou colaborar com as autoridades e garantiu confiar que a apuração provará sua inocência.

Como funcionava a fraude

De acordo com a PF e a Controladoria-Geral da União (CGU), o golpe seguia um padrão. Associações de fachada, muitas lideradas por idosos ou pessoas de baixa renda, cadastravam aposentados sem consentimento. As entidades usavam dados obtidos de forma ilícita, falsificavam assinaturas e inseriam descontos nos contracheques dos beneficiários.

Em alguns casos, aposentados foram “associados” a mais de uma entidade no mesmo dia, com erros idênticos de grafia — um forte indício de fraude.

Servidores e dirigentes do INSS recebiam propinas para permitir os descontos irregulares. A investigação começou de forma administrativa na CGU, em 2023, e chegou à PF em 2024, após surgirem indícios de crimes, segundo o G1.

O que dizem as defesas

A defesa de Camisotti classificou a prisão como arbitrária e afirmou que o empresário teve o celular retirado enquanto falava com seus advogados, violando garantias constitucionais. Já os representantes de Nelson Wilians disseram que os valores transferidos por ele referem-se à compra legal de um terreno vizinho à sua casa, e que sua ligação com os investigados é apenas profissional.

Ambas as defesas sustentam que colaborarão com as autoridades e reafirmam a inocência de seus clientes.

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