Política
por Camila Lutfi
Publicado em 06/06/2025, às 15h34
O Brasil registrou diversas mudanças em seu perfil religioso nos últimos anos. De acordo com o Censo Demográfico de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o catolicismo apostólico romano caiu 8,4 pontos percentuais (p.p) desde a última análise, em 2010.
Os católicos, que em 2010 representavam 65,1% (105,4 milhões) da população de 10 anos ou mais, passou a representar 56,7% (100,2 milhões) em 2022. Por outro lado, observou-se o aumento na proporção de evangélicos, passando de 21,6% em 2010 (35 milhões) para 26,9% em 2022 (47,4 milhões).
Além disso, a proporção de pessoas que se declararam sem religião teve um aumento de 1,3 p.p., passando de 7,9% para 9,3%. Também houve aumento nas religiões de umbanda e candomblé (de 0,3 % em 2010 para 1,0%, em 2022) e outras religiosidades (de 2,7% para 4,0%).
Junto do catolicismo, outra religião que caiu no Censo foi a espírita, com pequeno declínio de 2,2% para 1,8%. Por sua vez, as religiosidades de tradições indígenas representaram 0,1% das declarações.
As pesquisas sobre religião no País começaram há 150 anos, mas muita coisa mudou desde então. A analista responsável pelo tema, Maria Goreth Santos, explicou que, em 1872, o recenseador deveria assinalar cada pessoa como ‘cathólico’ ou ‘acathólico’, conforme grafia da época, sem outra opção de religiosidade. Além disso, Goreth comentou que a população escravizada era toda contada como católica, seguindo a declaração do senhor da casa.
Atualmente, as informações sobre religião no Brasil contemplam variados grupos e subgrupos. Para retratar uma diversidade religiosa mais fidedigna possível, o Censo do IBGE utiliza códigos, banco descritor, estrutura classificatória e incorporação de novas declarações religiosas, segundo Goreth.
O catolicismo foi a religião predominante em todas as grandes regiões do País, tendo sua maior concentração no Nordeste (63,9%), seguido da Região Sul (62,4%), e a menor proporção na Região Norte (50,5%).
Já os evangélicos variam entre 36,8%, na Região Norte, e 22,5%, no Nordeste. A maior proporção dos que se declaram espíritas está na Região Sudeste, com 2,7%.
Para umbandistas e candomblecistas, as regiões Sul (1,6%) e Sudeste (1,4%) concentram a maior parte. Por fim, os que se declararam sem religião estão mais presentes na Região Sudeste, com 10,5 %, onde também é mais alta a proporção de outras religiosidades (4,9%).
Ainda segundo o Censo de 2022, a proporção de católicos é predominante em 13 das 27 unidades federais, na população com 10 anos ou mais de idade. A maior proporção dessa religião foi registrada no Piauí (77,4%), que também é o estado com menor percentual de evangélicos (15,6%). Já as menores proporções de católicos apostólicos romanos foram encontradas em Roraima (37,9%), Rio de Janeiro (38,9%) e Acre (38,9%).
Em relação aos evangélicos, a maior proporção foi registrada no Acre (44,4%), e a menor no Piauí (15,6%). A maior proporção de espíritas foi encontrada no Rio de Janeiro (3,5%), enquanto a maior proporção de praticantes de Umbanda e Candomblé foi registrada no Rio Grande do Sul (3,2%) – ambas as posições já haviam sido registradas em 2010.
Roraima registrou a maior proporção de pessoas sem religião (16,9%), de outras religiosidades (7,8%) e de adeptos de tradições indígenas (1,7%).
No estado de São Paulo, o Censo de 2022 registrou que o catolicismo representa 52,24% da população. Esse número ainda é alto na capital paulista, que possui 50,72% de católicos.
Ainda assim, o estado possui 27,33% de evangélicos. O valor cai para 2,9% na população espírita e 1,47% de praticantes de Umbanda e Candomblé.
Em participação quase nula, as tradições indígenas representam 0,03% do estado paulista, enquanto aqueles que afirmam não ter religião fazem parte de 10,46% da unidade federativa.
Classificação Indicativa: Livre