Política
O economista Daniel Duque, do FGV Ibre, sugere um método diferente: dividir a população em três grandes faixas de renda, com cerca de 70 milhões de brasileiros em cada uma. Essa divisão, segundo ele, suaviza distorções e oferece um parâmetro mais realista para a formulação de políticas públicas.
Para Duque, quem vive em domicílios com renda mensal per capita de até R$ 880 está na chamada Classe C. Já quem tem renda per capita acima de R$ 1.761 integra o terço mais rico da população — a elite econômica do país.
Segundo o economista, essa forma de classificação ajuda a entender melhor quem realmente se beneficia de políticas públicas. Ele cita, por exemplo, o Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), que isenta rendas até R$ 5 mil, mas acaba beneficiando mais quem já está no topo da pirâmide. Isso acontece porque a maior parte dos isentos está no terço superior da população, o que acaba por transferir renda dentro do mesmo grupo.
Segundo o IBGE, a renda média mensal do trabalhador brasileiro chegou a R$ 3.457 em junho de 2025, o maior valor dos últimos 10 anos, impulsionada pela queda do desemprego (6,2%) e pelo aumento do emprego formal (mais de 37 milhões com carteira assinada).
A desigualdade no Brasil não se limita à renda — ela varia muito conforme a região e até o bairro. O Mapa da Riqueza, da FGV Social, revela que no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, a renda média declarada por quem paga imposto chega a R$ 39.535, enquanto a renda média geral no bairro é de R$ 23.141 — ainda assim, três vezes maior que a de qualquer outro município brasileiro.
Em contraste, em municípios como Ipixuna do Pará, a renda média mensal da população é de apenas R$ 71.
Entre as capitais, Florianópolis lidera o ranking com renda per capita de R$ 4.215, seguida por Porto Alegre (R$ 3.775) e Vitória (R$ 3.736). Capitais do Norte e Nordeste, como Macapá e Manaus, aparecem entre as piores colocadas, ilustrando a desigualdade regional.
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