Política
A decisão da Câmara Municipal de São Paulo de dobrar o valor do vale-alimentação em dezembro para seus cerca de dois mil servidores reacendeu discussões sobre benefícios públicos e uso de verba pública.
O auxílio, que já é de R$ 2 mil mensais, será pago em dobro neste mês, chegando a aproximadamente R$ 4 mil por servidor. A medida foi aprovada em uma resolução no fim de 2024 e, internamente, o extra já ganhou apelido: “vale-peru”.
O apelido remete a um episódio ocorrido no Mato Grosso do Sul em 2024, quando o Tribunal de Justiça tentou aprovar um vale-alimentação de R$ 10 mil para dezembro, proposta barrada pela Justiça após repercussão negativa.
O caso paulista reacende o debate sobre possíveis privilégios em um momento em que servidores de outras áreas do município receberam reajustes menores, como citado pelo site Metrópoles.

Além do vale-alimentação turbinado, servidores da Câmara recebem R$ 93 por dia em vale-refeição, que teve aumento de 9,4% em março deste ano, quase o dobro da inflação acumulada no período, segundo o IPCA. O reajuste foi publicado durante o recesso parlamentar de julho.
Outro benefício que passou por atualização foi o auxílio saúde, atualmente reembolsado aos servidores. Em 2025, a tabela foi reajustada em 22%, com valores que variam de R$ 798,93 para jovens até R$ 7.189,01 para servidores acima de 59 anos. Apesar disso, dados de transparência mostram reembolsos que ultrapassam R$ 14 mil, valor que, segundo a Câmara, inclui dependentes.
Além dos reembolsos, a Câmara mantém um serviço médico completo dentro da instituição, com médicos, enfermagem, exames ocupacionais e atendimento de urgência. Um ato publicado em dezembro também passou a permitir que ex-vereadores utilizem o serviço.
O cenário de benefícios mais robustos contrasta com o reajuste salarial destinado ao restante do funcionalismo municipal, aprovado em duas parcelas: 2,6% em 2025 e 2,55% em 2026. O percentual menor levou sindicatos a organizarem protestos e paralisações.
O debate agora se concentra no limite entre valorização do serviço público e privilégios que ampliam desigualdades internas.
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