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Além de Mario Pineida: o que está por trás dos assassinatos de jogadores no Equador?

Violência ligada a gangues, narcotráfico e manipulação de resultados expõe a fragilidade do esporte no país e transforma atletas em alvos  |  Foto: Divulgação/Fluminense/FC

Publicado em 18/12/2025, às 13h37   Foto: Divulgação/Fluminense/FC   Ana Caroline Alves

O futebol equatoriano vive um de seus momentos mais sombrios. Uma sequência de assassinatos de jogadores, registrada desde o início de 2025, revelou a profundidade da infiltração do crime organizado no esporte.

O caso mais recente, que chocou o país, foi a morte de Mario Pineida, ex-Fluminense e então jogador do Barcelona de Guayaquil, um dos clubes mais tradicionais do Equador. O episódio escancarou uma realidade que, até então, parecia restrita às divisões inferiores.

Desde janeiro, ao menos cinco atletas foram mortos em diferentes regiões do país. A escalada da violência ocorre em meio a uma crise de segurança sem precedentes, marcada pela atuação de facções criminosas que se expandiu para o futebol e, sobretudo, para o lucrativo mercado de apostas esportivas ilegais, as informações são do Terra.

Jogadores sob pressão de apostas ilegais

Relatos de ex-atletas e dirigentes indicam que o método de atuação das organizações criminosas segue um padrão. Apostadores funcionam como intermediários, abordando jogadores com ordens claras para manipular partidas. As ameaças costumam se estender às famílias, criando um ambiente de medo constante.

Um dos casos emblemáticos foi o de Jonathan “Speedy” González, jogador da terceira divisão, assassinado dentro de casa na província de Esmeraldas, em 2024. Antes de morrer, ele já havia sofrido atentados e sua mãe recebeu ligações ameaçadoras. Segundo dirigentes do clube que defendia, González teria sido coagido a participar de esquemas de apostas ilegais.

Situações semelhantes se repetiram com atletas do Exapromo Costa e com Miguel Nazareno, das categorias de base do Independiente del Valle. Em todos os casos, as investigações policiais seguem sob sigilo, alimentando a sensação de impunidade.

Crédito: Juan Mejía/Imago7

Crime organizado e narcotráfico no futebol

Relatórios internacionais reforçam que o problema vai além de casos isolados. Um estudo da ONU aponta que organizações criminosas utilizam o esporte para lavar dinheiro e movimentar apostas ilegais, que chegam a somar até US$ 1,7 trilhão por ano no mundo. No Equador, investigações recentes identificaram indícios de manipulação de resultados em partidas da segunda divisão.

Clubes de menor expressão se tornaram alvos preferenciais devido aos baixos salários e à vulnerabilidade dos jogadores. Especialistas afirmam que, uma vez envolvidos, muitos atletas não conseguem sair desses esquemas sem colocar a própria vida em risco.

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