Farinha Lima

Reag na mira

Da solda na tornozeleira ao rombo no Master: a semana em que política, bancos e celebridades pegaram fogo  |  Foto: Imagem feita por IA

Publicado em 26/11/2025, às 07h00   Foto: Imagem feita por IA   Farinha Lima

O rolo do Banco Master ganhou mais um capítulo digno de novela financeira: além do próprio colapso, agora se sabe que seus CDBs circulavam pelo fundo Hans 95, da Reag, gestora investigada na Operação Carbono Oculto, que mira o uso de fintechs e fundos para esconder um patrimônio bilionário.

A Reag diz que tudo foi dentro da “normalidade do mercado”, que só um de seus mais de 300 fundos entrou na dança e que não existe mistura entre o dinheiro dela e o dos cotistas. O Master, por sua vez, insiste que era apenas mais um cliente.

No fim, quem não comprou a versão de ninguém foi o Banco Central, que decretou a liquidação extrajudicial do Master em meio à crise de liquidez e ao acúmulo de explicações mal dadas.

Tarcísio no Master

As investigações sobre o Banco Master acabam respingando diretamente no governo Tarcísio, que agora tenta explicar como o cunhado do dono do banco virou seu maior doador de campanha enquanto é acusado de inflar o patrimônio da instituição; e, de quebra, por que a Emae privatizada por ele aplicou R$ 160 milhões em CDBs ligados ao mesmo conglomerado.

Tudo isso após a PF desmontar o esquema e prender o chefão do Master, deixando o governador na desconfortável posição de privatista que viu sua vitrine virar vitral trincado.

Liquidação na Febraban

No almoço da Febraban, os maiores banqueiros do país estavam menos interessados no cardápio e mais em comentar os “liquidados” da vez: Daniel Vorcaro, dono do Master recém-preso, e Jair Bolsonaro, que virou assunto encerrado depois do episódio da tornozeleira e do ferro de solda.

Entre uma taça e outra, a pergunta era quanto tempo vai levar para o FGC se recompor do rombo deixado pelo Master, enquanto executivos classificavam Vorcaro como página virada e Bolsonaro como caso sem comentários.

Dupla da pesada

Enquanto Brasília finge trabalhar numa tarde qualquer, um episódio digno de auditório interrompeu a paisagem: um Garotinho, daqueles que já nascem com mais articulação política que muito deputado, saiu gritando por Crivella até emplacar uma videochamada improvisada com uma mulher não identificada bem ali, no meio da Câmara.

Entre câmeras, assessores e o caos habitual, o encontro inusitado virou atração paralela dos corredores e, convenhamos, mais emocionante que metade da pauta do dia.

Solda presidencial

Foto: Imagem feita por IA

Jair Bolsonaro decidiu testar os limites da engenharia e da paciência do STF ao admitir, em vídeo, que usou um ferro de solda para “dar uma mexida” na tornozeleira eletrônica que o monitorava durante a prisão domiciliar.

O dispositivo, que supostamente teria batido na escada, apareceu com queimaduras dignas de oficina mecânica, o que levou Alexandre de Moraes a ordenar explicações em 24 horas e a determinar sua transferência para a Superintendência da PF.

A defesa fala em crise de ansiedade, aliados em surto e Bolsonaro, no fim, admite só “curiosidade”.  

After da Justiça

E se Bolsonaro estava ocupando o STF com suas aventuras de soldador, o efeito colateral apareceu rapidinho na Paulista: a UNE organizou um after político para comemorar a prisão do ex-presidente, com samba, espumante e até um bonecão inflável em pleno vão do Masp.

A presidenta Bianca Borges chamou de “Justiça perfeita” o episódio que, segundo a PF, começou com uma tentativa de fuga e passou por um “tapa técnico” na tornozeleira antes de terminar na prisão preventiva.

Enquanto isso, a vigília convocada por Flávio Bolsonaro tentava dar contornos dramáticos ao momento, mas acabou ofuscada pela festa estudantil.

Drible financeiro

Livre da Justiça espanhola, o ex-jogador Daniel Alves agora enfrenta outro tipo de marcação cerrada: a de um fundo da Faria Lima cobrando R$ 7,7 milhões por um acordo que, segundo os executivos, ele simplesmente deixou de honrar.

O negócio envolvia a cessão das parcelas que o São Paulo ainda lhe devia; ele recebeu R$ 11,5 milhões antecipados e deveria repassar cada pagamento ao fundo, o que teria parado de acontecer justamente quando estava preso na Espanha.

A procuradora da época, sua ex-mulher, não fez os repasses, a procuração caiu, e o fundo agora pede bloqueio de contas, imóveis e tudo o que for possível. 

Classificação Indicativa: Livre


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