Negócios
Publicado em 16/07/2025, às 10h16 Reprodução/ ANDREW CABALLERO-REYNOLDS Gabriela Teodoro Cruz
O Pix, foi citado pelos Estados Unidos como um exemplo de prática comercial que supostamente favorece empresas locais em detrimento de concorrentes estrangeiras. A crítica aparece em um documento do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), que anunciou nesta terça-feira (15) uma investigação sobre o ambiente de negócios no Brasil.
No documento, os EUA afirmam que o Brasil adota “práticas desleais” em relação aos serviços de pagamento eletrônico, dando preferência a soluções desenvolvidas pelo governo, como o Pix.
“O Brasil também parece se engajar em uma série de práticas desleais com relação aos serviços de pagamento eletrônico, incluindo, mas não se limitando a favorecer seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”, afirma o USTR.
Um dos episódios citados informalmente por autoridades americanas envolve o WhatsApp Pay, sistema de pagamentos desenvolvido pela Meta, dona do Facebook. Em 2020, o Brasil foi o primeiro país onde a ferramenta seria oficialmente lançada após testes na Índia. As transferências aconteceriam por meio de cartões das empresas norte-americanas Visa e Mastercard.
Menos de uma semana após o anúncio, em 23 de junho de 2020, o Banco Central e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) suspenderam o funcionamento do WhatsApp Pay, alegando necessidade de avaliar riscos e impacto concorrencial.
Enquanto o WhatsApp Pay foi congelado, o Pix continuou avançando. O sistema foi oficialmente lançado em 16 de novembro de 2020, com mais de 700 instituições financeiras habilitadas. Em poucos meses, virou uma das ferramentas preferidas dos brasileiros para transferências e pagamentos.
Somente em março de 2021 o Banco Central autorizou o funcionamento do WhatsApp Pay quando o Pix já havia se consolidado no país. Embora tenha sido relançado, o serviço da Meta nunca teve ampla adesão.
A queixa sobre o Pix faz parte de um processo mais amplo anunciado pelo governo americano, que também questiona o Brasil por corrupção, desmatamento e barreiras comerciais. A investigação pode abrir caminho para sanções ou restrições contra o país.