Polícia
Publicado em 21/11/2025, às 17h54 Foto: Reprodução Marcela Guimarães
O lançamento de “Caso Eloá: Refém ao Vivo”, novo documentário da Netflix, fez com que a maneira como a imprensa acompanhou e influenciou um dos crimes mais marcantes do Brasil repercutisse novamente.
A produção destaca a postura da mídia durante o sequestro, que se desenrolou literalmente diante das câmeras em outubro de 2008.
Na época, Eloá Pimentel, que tinha 15 anos, foi mantida refém por mais de 100 horas em um apartamento em Santo André (SP) pelo ex-namorado, Lindemberg Alves, com 22.
A cobertura televisiva transmitia ao vivo imagens da jovem na janela, chorando e dizendo que “estava bem”, enquanto milhões de brasileiros acompanhavam as atualizações em tempo real.
Um dos pontos mais discutidos até hoje, e que ganha novo foco no documentário, é a entrevista ao vivo concedida por Lindemberg.
Três dias antes do desfecho, o repórter Luiz Guerra, do programa “A Tarde é Sua”, da RedeTV!, conseguiu conversar com ele por telefone em uma ligação exclusiva que durou sete minutos.
Durante o diálogo, o repórter tentou criar um clima de calma, além de afirmar que tudo o que Lindemberg dissesse seria transmitido ao vivo.
Em um momento tenso, Lindemberg questionou como o programa havia conseguido o número do apartamento. Luiz hesitou, prometeu explicar depois e tentou mudar o foco, dizendo que seu objetivo era tranquilizá-lo.
A resposta irritou o sequestrador, que reagiu: “Você vai me responder porque eu ‘tô perguntando primeiro, não me deixa nervoso, não”. Na sequência, o repórter citou que a produção teria obtido o contato por meio de algum familiar.
O caso se tornou ainda mais controverso porque Sonia Abrão, apresentadora do programa, interrompeu a ligação e assumiu diretamente a conversa, agindo como se fosse negociadora.
A jornalista tentou fazer com que Lindemberg a se entregasse para evitar uma tragédia, postura que, desde então, divide opiniões sobre os limites éticos da imprensa em situações de risco extremo.
Curiosamente, apesar de sua participação na cobertura, Sonia não aparece no documentário lançado pela Netflix.
Luiz Guerra, que aparece na produção, relembra o episódio afirmando que “qualquer jornalista teria desejado estar naquela posição” por conta do alcance da cobertura.
Sonia Abrão, por sua vez, já declarou publicamente que não se arrepende de como conduziu aquele momento. À revista Quem, em 2023, disse: “Faria tudo de novo”.
Assista à entrevista com Lindemberg Alves na íntegra:
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