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Cerveja e vinho também podem ser contaminados por metanol? Entenda

A contaminação por metanol em bebidas como gin e uísque já resultou em mortes; saiba como se proteger.  |  Reprodução/Unsplash

Publicado em 02/10/2025, às 06h53   Reprodução/Unsplash   Caroline Leal

O consumo de bebidas alcoólicas contaminadas com metanol tem sido associado a casos graves de intoxicação no estado de São Paulo, incluindo mortes.

Até o momento, uma das cinco ocorrências registradas foi confirmada como causada pela substância, enquanto outras quatro seguem em investigação, segundo o governo estadual.

As bebidas envolvidas nas ocorrências incluem gin, uísque e vodca, consumidas em bares e adegas. Em resposta à situação, clubes e bares em São Paulo suspenderam temporariamente a venda de destilados, seguindo recomendações de órgãos do setor.

Metanol x etanol

Embora metanol e etanol sejam quimicamente semelhantes, ambos são incolores e de odor parecido, seus efeitos no corpo humano diferem drasticamente. O etanol, presente nas bebidas comuns, é metabolizado em acetato e eliminado pelo corpo.

O metanol, por sua vez, é convertido em formaldeído e ácido fórmico, compostos altamente tóxicos, podendo causar cegueira, insuficiência renal, pulmonar, coma e até morte.

Riscos em diferentes tipos de bebida

Segundo Thiago Correra, professor do Instituto de Química da USP, o metanol pode surgir naturalmente na fermentação de frutas ou por falhas no processo de destilação, quando a fração inicial (“cabeça”) não é descartada corretamente.

O maior risco, entretanto, é a adulteração deliberada, quando o metanol industrial é adicionado para aumentar falsamente o teor alcoólico. Bebidas destiladas — cachaça, aguardente e whisky, especialmente de produção clandestina — apresentam maior probabilidade de contaminação.

Nas bebidas fermentadas, como o vinho, o metanol pode estar presente em pequenas quantidades devido à fermentação das cascas de frutas, mas em níveis regulamentados e considerados seguros.

A cerveja, por outro lado, quase não apresenta risco natural de metanol, e não há ganho econômico para adulteração nesse tipo de bebida.

Correra alerta, no entanto, que qualquer bebida pode ser contaminada se houver adição proposital do composto.

Como reduzir riscos

A Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) recomenda medidas simples para garantir que a bebida seja segura:

• Conferir a vedação da embalagem;

• Observar se o nível de líquido está correto;

• Verificar rótulos, que devem ter contrarrótulo em português e número de registro no MAPA;

• Desconfiar de preços muito baixos;

• Comprar apenas em estabelecimentos confiáveis.

Sintomas de intoxicação

Os sinais de contaminação por metanol incluem:

• Dor de cabeça;

• Náuseas e vômitos;

• Dor abdominal;

• Confusão mental;

• Visão turva repentina ou cegueira.

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