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Publicado em 17/06/2025, às 17h19 Bianca Felix
Com notáveis diferenças em vocabulário, pronúncia e estrutura, o português falado no Brasil pode, em breve, ser reconhecido oficialmente como uma nova língua. A proposta vem ganhando força entre estudiosos que analisam o desenvolvimento linguístico nacional ao longo dos séculos.
Expressões como “rapariga”, “ficar de lado” ou “frigorífico” mostram bem o contraste entre o português falado em Portugal e o que é ouvido nas ruas brasileiras. Termos comuns em terras lusitanas adquirem significados diferentes por aqui, o que, para pesquisadores, apenas reforça a ideia de que o idioma brasileiro já se descolou consideravelmente da norma europeia.
De acordo com o linguista português Fernando Venâncio, autor do livro 'Assim Nasceu uma Língua', o idioma conhecido como português teve origem na Galícia, região atualmente pertencente à Espanha. Para ele, o português do Brasil evoluiu de forma independente, influenciado por elementos indígenas, africanos e pela diversidade interna do país, o que já justifica seu reconhecimento como uma nova língua: o "brasileiro".
Desde a independência em 1822, o Brasil tem incorporado expressões e formas linguísticas próprias, conhecidas como brasileirismos. Essa evolução contou com o contato com mais de mil línguas indígenas e com idiomas africanos, em especial os de origem banto, que deixaram marcas no vocabulário brasileiro com palavras como “cafuné”, “banguela”, “fofoca”, “mandioca”, “tatu” e “tietê”.
Atualmente, o português é falado por mais de 280 milhões de pessoas em nove países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), sendo o Brasil responsável por mais de 80% desses falantes. Entretanto, o distanciamento entre a fala e a escrita do português europeu e do brasileiro é evidente. Tentativas de unificação, como o Acordo Ortográfico, enfrentam resistência, sobretudo no Brasil.
Embora a ideia de oficializar o “brasileiro” como uma nova língua ainda encontre ceticismo entre linguistas mais tradicionais e autoridades, cresce entre estudiosos a percepção de que o idioma falado pela maioria da população brasileira já não precisa mais da chancela do padrão europeu para ser legitimado.
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