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Entenda o final de “Sonhos de Trem", possível representante da Netflix no Oscar

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Já aclamado pela crítica, “Sonhos de Trem” transforma luto, memória e culpa em um questionamento profundo sobre o sentido da vida  |   BNews SP - Divulgação Foto: Reprodução/IMDB.
Bianca Novais

por Bianca Novais

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Publicado em 25/11/2025, às 18h26



O longa-metragem “Sonhos de Trem” chegou à Netflix em 21 de novembro e, como destaca a Flixlandia, já desponta como forte candidata à temporada de premiações, em especial ao Oscar.

Dirigido por Clint Bentley ("Sing Sing", 2023) e estrelado por Joel Edgerton ("O Grande Gatsby", 2013) e Felicity Jones ("O Brutalista", 2024), o filme é uma adaptação do livro de mesmo nome, escrito por Denis Johnson, e acompanha Robert Grainier, operário ferroviário cuja existência simples é atravessada pelo luto e pela modernização acelerada dos Estados Unidos no início do século XX.

Robert Grainier (Clint Bentley) e sua família em cena de "Sonhos de Trem". Foto: Reprodução/IMDB.
Robert Grainier (Clint Bentley) e sua família em cena de "Sonhos de Trem". Foto: Reprodução/IMDB.

A obra se constrói como um mosaico de memórias, articulado pela narração de Will Patton (“Armageddon”, 1998), que revela emoções que Robert nunca verbalizaria.

A rotina pacífica do protagonista é destruída quando um incêndio consome o vale onde vivia, levando sua esposa Gladys (Jones) e a filha bebê Katie, cujos corpos jamais foram encontrados. Esse vazio impede Robert de aceitar a morte e transforma o luto em hábito.

A culpa que nunca o abandona

Outro trauma que molda a vida do personagem é a morte de Fu Sheng (Alfred Hsing), trabalhador chinês assassinado durante uma obra ferroviária.

No filme, Robert presencia a violência, mas não consegue impedi-la. A omissão se converte em culpa profunda e, posteriormente, em crença de que a tragédia familiar seria uma punição pelo passado.

Fu Sheng passa a acompanhá-lo como fantasma simbólico, ecoando a exclusão e a violência que marcaram a construção dos Estados Unidos.

A menina-lobo e o limite entre sonho e realidade

Anos após o incêndio, doente e isolado, Robert sonha com fogo e acredita que Katie poderia ter sobrevivido. Pouco depois, uma menina ferida surge em sua porta. Ele a cuida e projeta nela a imagem da filha perdida

A trama explora a ambiguidade: a garota pode ser tanto a criança real quanto manifestação do delírio e da esperança. A fuga dela pela janela no dia seguinte simboliza a impossibilidade de recuperar totalmente o passado e a necessidade de reinventá-lo para seguir vivo.

O astronauta, o voo e o sentido da existência

Nos momentos finais, Robert se reconcilia com o mundo que avançou sem ele. A cena em que ele observa a imagem de um astronauta em Spokane revela o contraste entre seu universo rural e o futuro tecnológico que ajudou a construir. “Somos nós”, diz uma mulher, lembrando-o de que a humanidade segue, mesmo quando ele para.

O desfecho chega no voo de biplano: a passagem da terra ao céu, da matéria ao espírito. É nesse instante que Robert percebe, pela primeira vez, que sua vida, embora silenciosa, pertence a algo maior.

Classificação Indicativa: Livre

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