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Neve em SP? O dia congelante de 1918 que virou lenda até hoje

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Entenda como uma madrugada gelada se transformou na lenda da "neve paulistana".  |   BNews SP - Divulgação Foto: Reprodução/Redes Sociais
Fernanda Montanha

por Fernanda Montanha

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Publicado em 19/06/2025, às 13h00



Imagens de São Paulo coberta por neve chamaram a atenção nas redes sociais recentemente. Embora impressionantes, elas são fruto de inteligência artificial, uma brincadeira inspirada nas temperaturas baixas que atingiram a capital paulista nos últimos dias. O curioso é que esse cenário fantasioso já teve um episódio parecido, há mais de 100 anos. Em 25 de junho de 1918, a cidade amanheceu sob uma camada branca, levando muitos a acreditarem que havia nevado na Avenida Paulista. Na realidade, tratava-se de uma geada.

Naquela madrugada histórica, os termômetros registraram incríveis -3,2 °C. Foi a menor temperatura da história da capital, segundo dados do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG/USP), responsável por medições meteorológicas desde 1910. O fenômeno, que cobriu ruas e jardins de branco, foi provocado pela geada, formada pela sublimação do nevoeiro ao entrar em contato com o solo congelado.

Os registros meteorológicos do antigo Observatório da Paulista indicam que o céu estava completamente limpo, condição que inviabiliza a ocorrência de neve, já que esse tipo de precipitação exige nuvens. Especialistas, como a meteorologista Samantha Martins, reforçam que o episódio foi um evento de geada e não uma nevasca, como muitos imaginaram.

Segundo o UOL, apesar da explicação científica, o impacto visual do gelo sobre o solo alimentou o imaginário popular. Na época, poucos paulistanos sabiam como a neve realmente era. A visão de gramados e calçadas cobertos por cristais gelados foi suficiente para que o acontecimento ganhasse status de “nevasca”. A memória do episódio atravessou décadas, sendo recontada por gerações como uma das madrugadas mais congelantes da cidade.

O evento virou até tema literário. O escritor José Roberto Walker resgatou o episódio em seu livro Neve na Manhã de São Paulo, inspirado em relatos de amigos de Oswald de Andrade. A “neve” de 1918 pode não ter sido real, mas permanece como uma das maiores lendas do inverno paulistano.

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