Entretenimento
por Isabela Fernandes
Publicado em 03/06/2025, às 15h59
Uma das ideias mais audaciosas da engenharia moderna está ganhando força: construir trens de alta velocidade que atravessem oceanos por túneis submarinos. Um dos projetos mais promissores é a ligação fixa entre Espanha e Marrocos, passando sob o Estreito de Gibraltar, que pode se tornar a primeira conexão ferroviária submarina intercontinental do mundo.
O projeto, conhecido como Ligação Fixa do Estreito de Gibraltar, pretende criar uma conexão ferroviária permanente entre os continentes europeu e africano. O túnel terá cerca de 40 km de extensão, sendo quase 30 km sob o mar, e permitirá a passagem de trens a até 250 km/h. A profundidade pode chegar a 475 metros.
A expectativa mais realista aponta para uma possível conclusão por volta de 2040, já que os estudos de viabilidade ainda estão em andamento por órgãos da Espanha e do Marrocos.
Apesar de promissor, o projeto enfrenta desafios técnicos. O fundo do mar da região tem solos moles e atividade sísmica, o que exige soluções tecnológicas complexas.
Além disso, o custo estimado pode chegar a 25 bilhões de euros, o que exige planejamento financeiro e vontade política sustentada por décadas.
Ainda assim, especialistas veem esse projeto como um dos mais tangíveis entre as propostas de megainfraestrutura submarina.
A estrutura planejada prevê dois túneis principais para circulação dos trens e um terceiro, de serviço, para manutenção e segurança. Para dar conta das condições extremas do fundo marinho, seriam necessárias tecnologias de escavação altamente especializadas, como as máquinas TBM (Tunnel Boring Machines), capazes de operar sob intensa pressão e em terrenos complexos.
Enquanto isso, outras ideias ainda estão no campo da especulação. É o caso do túnel transatlântico, que ligaria Londres a Nova York usando tecnologia de Hyperloop, um sistema futurista que poderia atingir velocidades superiores a 4.800 km/h.
Com cerca de 5.500 km de extensão e um custo estimado em até 20 trilhões de dólares, esse plano é considerado, por enquanto, tecnicamente inviável.
Segundo especialistas, apenas projetos de curta distância, como o de Gibraltar, são viáveis a médio prazo. Mesmo esses exigem um esforço enorme, com escavações em grande profundidade, sistemas avançados de segurança e investimentos bilionários.
Já as propostas de túneis submarinos intercontinentais com trens ultra-rápidos seguem como visões de longo prazo, ainda longe das capacidades tecnológicas e econômicas atuais.
Para os engenheiros, a ideia de cruzar continentes sob o mar é fascinante, mas os obstáculos ainda são grandes. O sonho de atravessar oceanos em alta velocidade sobre trilhos subaquáticos continua mais próximo de um experimento teórico do que de uma realidade imediata.
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