Entretenimento
Publicado em 29/05/2025, às 10h13 Giovana Sedano
Na madrugada desta quinta-feira, 29, o funkeiro MC Poze do Rodo foi detido pelas autoridades do Rio de Janeiro. A prisão reacende discussões sobre os limites da arte quando ela se cruza com o universo do crime.
Poze, uma das figuras mais controversas do funk carioca, tem sido criticado por letras que abordam, sem filtro, a realidade das comunidades e, muitas vezes, flertam com a exaltação ao tráfico.
MC Poze construiu sua carreira a partir de vivências pessoais que não esconde: já admitiu ter se envolvido com o tráfico entre 2015 e 2016. Essas experiências se refletem diretamente em suas canções, que misturam narrativa autobiográfica e linguagem de rua. Em "Na CDD Só Tem Bandido Faixa Preta", ele trata figuras do crime com respeito e admiração, transformando traficantes em personagens de prestígio.
Já em "Vida Louca", a violência aparece de forma naturalizada. A canção não menciona diretamente facções, mas fala sobre armamentos, confrontos e ostentação com tom quase casual. O cenário pintado é de uma juventude imersa em conflitos, onde sobreviver é um ato de resistência, mas também de risco. A banalização da violência, presente nas letras, preocupa especialistas por seu impacto simbólico sobre os jovens que consomem esse tipo de conteúdo.
A música "Fala Que É a Tropa do Comando Vermelho" é talvez o exemplo mais explícito do vínculo entre arte e crime organizado. A letra menciona armas de guerra e cita diretamente uma facção criminosa, sem disfarces ou metáforas.
A trajetória de MC Poze levanta uma questão essencial: até que ponto um artista pode se valer de sua história pessoal para criar, sem se responsabilizar pelas mensagens que transmite? Seus defensores argumentam que ele apenas retrata a realidade de onde veio. Já seus críticos veem nas letras uma influência negativa que contribui para a normalização da criminalidade.
A prisão do cantor joga luz sobre o impacto da cultura de massa na formação de opinião. Mais do que uma batida envolvente, suas músicas trazem dilemas profundos sobre ética, arte e influência.
Classificação Indicativa: Livre