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O antigo responsável pela área de segurança do WhatsApp, Attaullah Baig, entrou com um processo contra a Meta, acusando a companhia de negligenciar problemas sérios de privacidade e expor bilhões de usuários a riscos diários. A ação foi protocolada no Tribunal Distrital do Norte da Califórnia.
Segundo ele ao The New York Times, milhares de funcionários da empresa tinham acesso a dados sensíveis, como listas de contatos, localização e até fotos de perfil. Baig afirma que tentou alertar executivos de alto escalão, incluindo Mark Zuckerberg, mas em vez de levar em conta suas denúncias, a empresa optou por demiti-lo em fevereiro deste ano.
O ex-executivo relata que mais de 100 mil contas eram invadidas diariamente e que suas propostas de reforço da segurança foram rejeitadas. Em documentos apresentados à Justiça, ele diz ter registrado uma lista de “problemas críticos de cibersegurança”, que a Meta teria ignorado.
Baig chegou a avisar a Comissão Federal de Comércio (FTC) e a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) sobre os riscos. “Os usuários estão sendo prejudicados, e é preciso responsabilizar a empresa”, destacou em entrevista.
No entanto, dentro da companhia, ele passou a sofrer retaliações: ameaças de demissão, corte de bônus e avaliações negativas. Meses depois, acabou desligado.
Não é a primeira vez que a Meta enfrenta denúncias desse tipo. Desde o escândalo da Cambridge Analytica, em 2019, a empresa foi multada em US$ 5 bilhões e obrigada a reforçar suas políticas de proteção de dados. Ainda assim, críticos afirmam que os compromissos assumidos não vêm sendo cumpridos.
Outros ex-funcionários também levantaram acusações nos últimos anos. Frances Haugen, por exemplo, revelou documentos internos mostrando que a companhia sabia dos impactos nocivos de seus produtos em adolescentes. Recentemente, a organização Whistleblower Aid apontou falhas graves em ambientes de realidade virtual, expondo crianças a riscos de assédio e violência.
A Meta rejeitou todas as acusações. Em nota, um porta-voz disse que Baig é “um ex-funcionário insatisfeito que tenta distorcer fatos após sua demissão” e ressaltou que a companhia “tem orgulho de seu histórico de defesa da privacidade”.
Apesar disso, Baig afirma que trabalhar na Meta era seu “emprego dos sonhos”, mas hoje acredita que a empresa enxerga seus usuários apenas como números em um painel de dados.
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