Esportes
por Isabela Fernandes
Publicado em 27/05/2025, às 08h58
Na noite da última segunda-feira (26), o presidente do Corinthians, Augusto Melo, foi oficialmente afastado do cargo após a aprovação do processo de impeachment durante reunião do Conselho Deliberativo, realizada na sede social do clube, na zona leste de São Paulo.
Durante seu discurso antes da votação, Melo reconheceu que seria derrotado, agradeceu aos que o apoiaram e pediu desculpas à torcida. Ele também destacou que deixaria o cargo de cabeça erguida e cobrou que os próximos gestores sejam fiscalizados com a mesma intensidade que ele foi.
Apesar do tom de despedida, negou que estivesse renunciando: “Não estou renunciando. Tem muita briga ainda, porque já que eles brigaram para me tirar daqui, eu vou brigar para continuar aqui”, declarou.
A decisão pelo afastamento teve grande influência da torcida organizada Gaviões da Fiel, que havia sido uma das principais apoiadoras de Augusto Melo durante sua eleição no final de 2023, mas rompeu com ele ao longo dos últimos meses.
O estopim foi a série de denúncias e acusações envolvendo a gestão do presidente, especialmente no caso da patrocinadora VaideBet, alvo de investigação policial.
A Gaviões da Fiel passou a se manifestar publicamente contra a gestão em abril, cobrando explicações sobre a crise financeira do clube, o aumento da dívida, a falta de transparência nas decisões e o entra-e-sai de dirigentes em cargos importantes. Em uma nota divulgada no final daquele mês, a torcida declarou que o presidente precisava assumir suas responsabilidades publicamente.
No início de maio, a torcida organizada deixou claro que não se oporia ao impeachment, apontando três falhas principais: a repetição de erros de gestões anteriores, nomeações políticas sem critério técnico e a instabilidade dentro do clube.
Dias depois, no dia 23 de maio, a Gaviões da Fiel divulgou um comunicado oficial pedindo o afastamento imediato de Augusto Melo para proteger a imagem do Corinthians e evitar danos ainda maiores em meio à crise institucional.
Mesmo tendo inicialmente se posicionado contra processos de impeachment anteriores, a torcida organizada acabou mudando sua postura diante do agravamento dos problemas.
A falta de respostas convincentes da diretoria, somada à desorganização interna, levou a torcida a concluir que a permanência de Augusto Melo não era mais viável.
O Corinthians anunciou, em janeiro de 2024, um contrato histórico com a casa de apostas VaideBet, considerado o maior patrocínio máster do futebol brasileiro até então. Poucos meses depois, a Polícia Civil de São Paulo passou a investigar o contrato milionário por suspeitas de lavagem de dinheiro e pode ter conexões com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
As investigações revelaram que cerca de R$ 1,4 milhão, pagos em comissão, foram desviados por meio de empresas de fachada. O dinheiro, segundo a Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro, circulou por contas suspeitas após a quebra de sigilo bancário dos envolvidos.
A Polícia Civil deve concluir o inquérito até o fim de maio. Os crimes investigados envolvem lavagem de dinheiro e associação criminosa, mas estão sendo investigados. O caso segue sob segredo de Justiça.
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