Polícia
O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, de 64 anos, foi executado a tiros na noite desta segunda-feira (15), em Praia Grande, no litoral paulista. Fontes ficou conhecido por sua atuação firme contra o Primeiro Comando da Capital (PCC) e era considerado um dos maiores inimigos da facção.
Câmeras de segurança flagraram a perseguição que terminou na morte do ex-delegado. As imagens mostram o momento em que ele tenta escapar dos atiradores, bate em um ônibus e capota o carro. Os criminosos descem de uma caminhonete preta, modelo Toyota Hilux SW4, e disparam diversas vezes.
Pouco depois do crime, o veículo usado na ação foi encontrado incendiado e abandonado, o que indica tentativa de eliminar provas. A polícia também investiga a participação de um segundo carro no atentado, segundo o Metrópoles.
Ruy iniciou sua trajetória na Polícia Civil no interior de São Paulo e, ao longo de quatro décadas, atuou em setores estratégicos como o Denarc, o Deic e o Decap. Foi justamente na 5ª Delegacia de Investigações sobre Roubos a Bancos, do Deic, que passou a investigar diretamente o PCC, quando o grupo ainda era pouco conhecido e até negado oficialmente pelas autoridades no início dos anos 2000.
Em 2006, o estado foi palco de uma série de atentados orquestrados pela facção, em retaliação às ações policiais, episódio que marcou a consolidação do PCC como organização criminosa. Fontes também foi delegado-geral de São Paulo, diretor do Decap e professor de investigação policial e criminologia. Atualmente, ocupava o cargo de secretário de Administração de Praia Grande.
“Ruy impôs prejuízos enormes ao crime organizado”, destacou Raquel Kobashi Gallinati Lombardi, da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil.
Sua atuação combativa fez com que ele fosse jurado de morte por Marcola, líder máximo do PCC, em 2019, após a transferência do criminoso para um presídio federal. Desde então, Ruy convivia com constantes ameaças e atentados frustrados.
Entre eles, estão tentativas de assalto em São Bernardo do Campo (2012), Ipiranga (2020 e 2022) e um roubo no Canto do Forte, em Praia Grande. Em todas essas situações, ele reagiu e sobreviveu, mas desta vez não conseguiu escapar.
A cúpula da Segurança Pública de São Paulo trata o crime como vingança. “Certamente foi retaliação do PCC. Ele lutou muito contra a facção”, afirmou o secretário-executivo da pasta, Osvaldo Nico Gonçalves.
Após o assassinato, o atual delegado-geral, Artur Dian, e outras autoridades foram à região. O comandante do Batalhão de Choque da PM, Valmor Racorti, anunciou o envio de cerca de 100 policiais de elite para caçar os responsáveis pelo atentado.
Duas pessoas que estavam próximas ao local também ficaram feridas e foram socorridas pelo Samu. Elas não correm risco de morte e seguem em observação no Hospital Municipal Irmã Dulce.
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