Polícia
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) começou, nesta quinta-feira (25), a Operação Spare, em parceria com a Polícia Militar. A ação cumpre 25 mandados de busca e apreensão, incluindo um endereço na Avenida Paulista, apontado como sede da empresa Athena Intermediações.
O objetivo é: desarticular a infiltração do PCC no setor de combustíveis e na exploração de jogos de azar.
As investigações começaram após a apreensão de máquinas de cartão em casas de jogos clandestinos em Santos, ligadas a postos de combustíveis. A análise das movimentações financeiras mostrou que os valores eram transferidos para a fintech BK Bank, usada para ocultar a origem ilícita dos recursos.
Esse mesmo banco já havia sido identificado na Operação Carbono Oculto, iniciada em agosto, o que conecta as duas ações.
O principal alvo da operação é Flávio Silvério Siqueira, conhecido como Flavinho, apontado há anos como operador de lavagem de dinheiro do crime organizado por meio de postos de combustíveis.
A Receita Federal afirma que ele seria um dos principais nomes de uma organização criminosa que atua há mais de 20 anos no setor.
Segundo o MPSP, as investigações revelaram uma complexa rede de pessoas e empresas ligadas a postos de combustíveis, motéis, lojas de franquia e instituições de pagamento, todas com contabilidade paralela para dificultar o rastreamento do dinheiro.
Foram identificados 21 CNPJs ligados a 98 estabelecimentos de uma mesma franquia e mais de 60 motéis registrados em nome de laranjas. Juntos, movimentaram R$ 450 milhões entre 2020 e 2024, com lucros e dividendos distribuídos de forma irregular.
A Receita identificou ao menos 267 postos de combustíveis ainda ativos que movimentaram R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em impostos – 0,1% do total, muito abaixo da média do setor.
Além disso, administradoras de postos movimentaram R$ 540 milhões no mesmo período.
Os recursos ilícitos eram reinvestidos em imóveis e negócios por meio de Sociedades em Conta de Participação (SCPs). Entre os bens adquiridos, estão:
Iate de 23 metros;
Dois helicópteros (um modelo Augusta A109E);
Lamborghini Urus;
Terrenos avaliados em mais de R$ 20 milhões.
Segundo a Receita, esse patrimônio representa apenas 10% dos bens reais do grupo.
As investigações apontaram ligação direta entre os alvos da Spare e envolvidos nas operações Carbono Oculto e Rei do Crime, por meio de transações comerciais, uso de helicópteros e viagens internacionais.
Além disso, na última semana, a Receita realizou a Operação Cadeia de Carbono, que apreendeu cargas de petróleo e derivados avaliadas em R$ 240 milhões no Porto do Rio de Janeiro.
A Operação Spare é coordenada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e conta com o apoio da Receita Federal, da Secretaria da Fazenda, da Procuradoria-Geral do Estado de SP e da Polícia Militar.
Participam da ação 64 servidores da Receita, 28 promotores e cerca de 100 policiais militares.
O nome “Spare” faz referência ao boliche: assim como um spare derruba todos os pinos em duas jogadas, a operação busca complementar os resultados da Carbono Oculto, considerada o “primeiro arremesso”.
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