Política
Muito além de uma data comemorativa, o 25 de julho representa um grito por equidade. Celebrado como o Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, este marco se diferencia do tradicional 8 de março ao dar visibilidade às questões específicas que atravessam a vivência de mulheres negras.
A origem da data remonta a 1992, quando lideranças femininas negras de diversos países da América Latina e Caribe se reuniram na República Dominicana. A ocasião marcou os 500 anos da chegada dos europeus às Américas — e, simbolicamente, as mulheres negras escolheram esse mesmo solo para denunciar as opressões históricas que ainda enfrentam, segundo o Seja Relevante.
Enquanto o feminismo tradicional avança pautas importantes, muitas vezes ele falha em contemplar as desigualdades de raça e classe.
Mesmo após o fim da Segunda Guerra Mundial, quando o debate sobre a inserção feminina no mercado de trabalho ganhava força, mulheres negras já ocupavam esses espaços — geralmente em funções desvalorizadas, como empregadas domésticas, cuidadoras ou vendedoras de rua.
"Não começamos agora; estamos nessa luta há séculos", poderia dizer qualquer mulher negra brasileira.
A exclusão também é evidente nos dados corporativos. Um levantamento de 2010 revelou que apenas 5,3% dos executivos nas maiores 500 empresas do país eram negros. O recorte é ainda mais crítico quando se observa que somente 0,5% eram mulheres negras em cargos de liderança — um abismo que escancara a falta de representatividade.
O Estatuto da Igualdade Racial define racismo como toda ação que limita ou nega o acesso a direitos com base em raça ou etnia. Ele também reforça o papel fundamental da educação e das políticas afirmativas para romper com essas barreiras.
Na Fundação Dom Cabral (FDC), essa missão se traduz em iniciativas que ampliam oportunidades e elevam a potência de mulheres negras dentro e fora das organizações. Com projetos educacionais, pesquisas e programas de alcance global, é possível fomentar um ambiente mais justo e inclusivo.
“Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”, como afirma Angela Davis.
Reconhecer isso no dia 25 de julho — e todos os outros — é um compromisso com a justiça, a diversidade e o desenvolvimento coletivo.
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