Política

Metade dos beneficiários do Bolsa Família deixa o mercado de trabalho

O novo nível de benefício médio foi ampliado para R$ 671,54. - Foto: Lula Marques/Agência Brasil
O orçamento anual do Bolsa Família, que era de R$ 35 bilhões em 2017, subiu para R$ 170 bilhões em 2025.  |   BNews SP - Divulgação O novo nível de benefício médio foi ampliado para R$ 671,54. - Foto: Lula Marques/Agência Brasil
Camila Lutfi

por Camila Lutfi

Publicado em 22/08/2025, às 14h58



Uma em cada duas famílias beneficiárias do Bolsa Família abandona o mercado de trabalho formal. É o que indica um novo estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), conduzido pelo pesquisador Daniel Duque.

Bolsa Família é um dos maiores programas de transferência de renda do Brasil. São milhões de brasileiros que recebem o benefício, que permite às famílias manter uma vida digna. 

Têm direito ao programa social as famílias cuja renda por pessoa não ultrapasse R$ 218 por mês. O valor mínimo do programa corresponde a R$ 600, mas podem contar com adicionais em alguns casos.

bolsa família
Foto: Lyon Santos/ MDS

Na análise do pesquisador da FGV Ibre, o orçamento anual do Bolsa Família, que era de R$ 35 bilhões em 2017, subiu para R$ 170 bilhões em 2025. Além disso, o número de beneficiários saltou de 14 milhões em 2019 — antes da pandemia — para 21 milhões.

Essa enorme transformação do Bolsa Família provocou mudanças no impacto do programa no mercado de trabalho. Para fins de comparação, o benefício médio hoje corresponde a cerca de 35% da renda mediana do trabalho no Brasil, comparado a 15% até 2019.

Força de trabalho formal diminuiu

Segundo a pesquisa, o novo nível de benefício médio, ampliado para R$ 671,54, causa um impacto bastante forte de redução da oferta de trabalho de homens — sem nenhum efeito detectado entre as mulheres —, especialmente de jovens e nas regiões Norte e Nordeste.

Já em termos de ocupação em emprego formal, há um intenso efeito negativo do Bolsa Família em homens de todas as faixas etárias e regiões do País.

Dessa forma, Duque apresenta que o programa social aumentou em quase 50% sua cobertura, ou seja, para cada duas famílias que recebem o Bolsa-Família, uma sai da força de trabalho. 

Vale lembrar que o governo tem acesso às informações de emprego formal das pessoas, diferentemente das ocupações informais. De acordo com o pesquisador, isso pode estimular a não procura de um emprego formal, para evitar a eligibilidade do Bolsa Família.

É importante destacar, no entanto, que se qualquer integrante da família subsidiada ultrapassar o valor limite para ser elegível ao benefício, todos os familiares podem se prejudicar. 

12 das 27 unidades federativas possuem mais beneficiários do que empregados

Em junho, uma pesquisa feita pelo Uol mostrou que doze das 27 unidades da federação brasileira têm número maior de beneficiários do Bolsa Família do que de trabalhadores com carteira assinada.

A comparação usa dados do Caged divulgados em 28 de maio, que excluem o setor público.

Todos os estados com maior dependência do programa estão no Nordeste e no Norte do País. Confira a lista:

  • Acre - 132,5 mil beneficiários
  • Alagoas - 533,4 mil beneficiários
  • Amapá - 123,17 mil beneficiários
  • Amazonas - 645,5 mil beneficiários
  • Bahia - 2,46 milhões de beneficiários
  • Ceará - 1,45 milhão de beneficiários
  • Maranhão - 1,23 milhão de beneficiários
  • Pará- 1,34 milhão de beneficiários
  • Paraíba - 667,6 mil beneficiários
  • Pernambuco - 1,58 milhão de beneficiários
  • Piauí - 590,3 mil beneficiários
  • Sergipe - 378,8 mil beneficiários

Classificação Indicativa: Livre

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